Economia Titulo Mercado de trabalho
Emprego tem maior queda desde 2003

Total de ocupados no Grande ABC diminuiu 4,2% em outubro, pior variação para o mês em 12 anos; taxa de desemprego, porém, caiu na região

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
26/11/2015 | 07:03
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O número de ocupados nas sete cidades da região caiu 4,2% em outubro na comparação com o mesmo período do ano passado. Foi o pior resultado para o mês desde 2003, primeiro ano de mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando a variação foi de -5,1%. Os dados integram a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) feita pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e divulgada ontem pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

Em números absolutos, de outubro de 2014 até o mês passado, o total de empregados na região foi reduzido em 53 mil, chegando a 1,214 milhão de pessoas – patamar equivalente à média de 2011. Na mesma base de comparação temporal, a quantidade de desempregados no Grande ABC passou de 146 mil para 173 mil, o que representa aumento de 18,5%.

Por outro lado, a taxa de desemprego caiu pelo segundo mês consecutivo, de 13,1% em setembro para 12,5% em outubro. Um ano antes, o índice era de 10,3%. Entretanto, o coordenador da PED, Alexandre Loloian, que é assessor técnico do Seade, salienta que não há motivo para comemoração. Isso porque o indicador é calculado com base na proporção de desempregados em relação à PEA (População Economicamente Ativa), que caiu 0,4% ante setembro e 1,8% sobre outubro de 2014.

Loloian explica que a redução da PEA é comum em momentos de aprofundamento de retrações econômicas, como o que o Brasil enfrenta agora. “A PEA tende a aumentar no início da crise, quando as pessoas que estavam fora do mercado de trabalho começam a procurar emprego porque a renda familiar diminuiu. Entretanto, em épocas de forte desemprego, esse número cai porque as pessoas desanimam e simplesmente interrompem a busca”, detalha o economista.

A pesquisa considera como integrante da PEA a pessoa empregada ou que esteja buscando por atividade profissional. Quem desistiu de procurar emprego não é considerado como economicamente ativo, o que explica a redução.

Além dos cortes no número de vagas, a região também registrou redução de 11,4% no rendimento médio real dos trabalhadores em setembro ante o mesmo mês de 2014, caindo de R$ 2.276 para R$ 2.017. Na comparação com agosto, a queda foi de 2,3%.

PRECARIZAÇÃO - Em um ano, o número de empregos com carteira assinada na região, segundo a PED, teve diminuição de 12,5%. Em compensação, o total de autônomos cresceu 8,8% no mês passado ante outubro de 2014. Segundo Loloian, a movimentação reflete uma “estratégia de sobrevivência” dos desempregados, que passam a trabalhar por conta própria para tentar garantir o sustento familiar. “Quando há um crescimento dos níveis de emprego, é muito comum que esse pessoal volte a procurar emprego com registro em carteira, já que as atividades como autônomo tendem a ser mais instáveis”, comenta o coordenador da pesquisa.

COMÉRCIO - Na contramão da tendência observada no Grande ABC, o comércio foi o único setor que registrou aumento nos índices de ocupação: de 12,3% em outubro ante o mesmo mês de 2014 e de 6,8% em relação a setembro. Em números absolutos, as variações foram de 24 mil e 14 mil trabalhadores.

“Isso não é grande vantagem, porque o ano passado foi um dos piores para o comércio”, pondera Alexandre Loloian, assessor técnico da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). Ele avalia que o crescimento apresentado em outubro indica uma “recomposição dos estoques de mão de obra para dar conta da atividade, ainda que em baixo nível.”

Já a indústria em geral teve retração de 17,1% na comparação com outubro de 2014, embora, em relação a setembro, tenha ampliado 5.000 postos. A indústria metalmecânica reduziu o índice de ocupação em 20,5% em um ano, com 35 mil cortes. Ante setembro, gerou 3.000 vagas (alta de 2,3%). Para Loloian, esses aumentos sobre o mês anterior ainda não significam, necessariamente, uma boa notícia, pois podem representar apenas ajustes pontuais de produção.

O setor de serviços eliminou 9.000 vagas em relação a outubro do ano passado, o que representa 1,4% de queda no índice de ocupação. Na comparação com setembro, foram 21 mil demissões (queda de 3,1% na taxa).

SELEÇÃO - No primeiro dia da Feira de Empregos realizada no Atrium Shopping, de Santo André, 6.000 candidatos buscaram oportunidades no mercado de trabalho. Cerca de 30 mil currículos foram entregues às agências participantes, segundo a organização. O último dia do evento ocorre hoje, entre 10h e 19h, no piso térreo. 




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