O presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), apresentou nesta quarta-feira sua defesa em relação ao terceiro processo que corre contra ele no Conselho de Ética da Casa, neste caso acusado de, em sociedade com o usineiro João Lyra, ter utilizado ‘laranjas’ para adquirir veículos de comunicação no Estado de Alagoas.

No documento entre ao colegiado pelos seus advogados de defesa, o peemedebista ataca João Lyra. Ele diz que o usineiro é um adversário político dele que está revoltado por ter sido derrotado nas últimas eleições para o governo do Estado de Alagoas, no ano passado, quando o vencedor foi Teotônio Vilela Filho (PSDB), aliado de Renan.

Em depoimento prestado ao corregedor do Senado Romeu Tuma (PTB-SP), Lyra havia confirmado as acusações sobre os ‘laranjas’ que geraram o terceiro processo contra o parlamentar alagoano.

De acordo com o documento de Renan, o usineiro é um empresário desacreditado e que não tem nenhuma condição de fazer este tipo de denúncia. Ele pede inclusive que João Lyra seja investigado pela compra ‘obscura’ de um jornal em Alagoas.

Após receber o documento, o relator do caso no Conselho de Ética, senador Jefferson Peres (PDT-AM), não se mostrou convencido com a argumentação de Renan Calheiros. Ele deve apresentar seu parecer final sobre o assunto até o próximo dia 15 de novembro. Ele quer ouvir antes o usineiro João Lyra.

Outros processos - Hoje, Renan Calheiros é alvo de quatro processos no Conselho de Ética do Senado, pois já se livrou do primeiro, em que era acusado de ter contas pessoais pagas pela Construtora Mendes Júnior – no caso a pensão de uma filha que teve em um relacionamento extraconjugal com a jornalista Mônica Veloso – e foi absolvido do caso pelo plenário da Casa.

No segundo, que ainda tramita no colegiado, Renan Calheiros é suspeito de ter revertido uma dívida de cerca de R$ 100 milhões da Schincariol com órgãos do governo, para que em troca a cervejaria comprasse uma fábrica do seu irmão, o deputado federal Olavo Calheiros (PMDB-AL), acima do preço de mercado.

O relator deste caso, senador João Pedro (PT-AM), deve apresentar seu parecer no início do próximo mês.

No quarto processo, Renan é acusado de ter participado de um esquema de arrecadação de propina em ministérios comandados pelo PMDB. O relator da representação é Almeida Lima (PMDB-SE), membro da chamada 'tropa de choque' do parlamentar alagoano. O parecer deve sair apenas no fim do próximo mês.

O único processo que está no Conselho de Ética ainda sem relator é o quinto, em que Renan Calheiros é acusado de ter articulado um esquema para espionar os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO), com o objetivo de produzir um dossiê com acusações contra os oposicionistas.

O presidente do colegiado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), promete definir ainda nesta semana quem será o relator deste caso.

Adiado – O parlamentar alagoano ainda pode ser alvo de um sexto processo no Conselho de Ética, devido a suspeita de ter liberado recursos para que uma empresa ‘fantasma’ construísse moradias na cidade de Murici (AL), cujo prefeito é o seu filho, Renan Calheiros Filho (PMDB).

No entanto, a Mesa Diretora do Senado resolveu na terça-feira adiar a análise deste caso para não enviar mais uma representação neste momento ao Conselho de Ética e sobrecarregar ainda mais o colegiado.

Licença – Renan Calheiros, que já estava afastado da presidência do Senado desde o último dia 11 de outubro, resolveu nesta segunda-feira pedir licença também do seu mandato parlamentar. Agora, ele está sob licença-saúde para se submeter a uma série de exames médicos.