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Espanha está desarmada frente a imigraçao ilegal
Do Diário do Grande ABC
21/06/2000 | 12:58
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A Espanha está desarmada ante o fluxo crescente de imigrantes clandestinos chegados da Africa, apesar de todo seu dispositivo legal e policial para fazer frente a este fenômeno.

Na última reuniao de cúpula européia de Feira (Portugal), o presidente do governo espanhol, José María Aznar, reclamou medidas de emergência, enquanto para o ministro do Interior, Jaime Mayor Oreja, a imigraçao será ``o problema número um' da Espanha no século XXI.

Os imigrantes chegados de Marrocos entram clandestinamente na Espanha pelo arquipélago das Canárias e, principalmente, pelo sul da regiao de Andaluzia, depois de ter atravessado o estreito de Gibraltar, arriscando suas vidas em pequenas embarcaçoes denominadas ``pateras'.

Do início do ano até o último dia 15, 4.241 nao documentados, 90% deles marroquinos, foram detidos no sul da península ibérica, o dobro do registrado no mesmo período de 1999, segundo o subdelegado do Governo em Cádiz, Miguel Osuña, que coordena as forças de segurança no Sul de Andaluzia.

Estimou que cerca de 50% dos imigrantes clandestinos conseguem burlar as redes armadas pela guarda civil ao longo de 80 quilômetros de costa entre Barbate e Algeciras.

Osuña explica que este fluxo sem precedentes na Espanha se deve ao ``efeito chamada', provocado pela próxima regularizaçao, dia 31 de julho, dos estrangeiros em situaçao ilegal. Sao convencidos pelas máfias de que poderao morar na Espanha se conseguirem entrar antes dessa data.

Diante desta avalanche, o governo de centro-direita decidiu endurecer em breve a lei de imigraçao, apesar dos protestos da esquerda e das ONGs.

No terreno, a guarda civil só dispoe de cinco lanchas patrulheiras e 400 homens em terra na área do estreito de Gibraltar, para impedir a entrada de imigrantes clandestinos.

Os radares sao inúteis porque as embarcaçoes de madeira sao pequenas demais para ser detectadas e se confundem com as ondas. A Espanha decidiu adotar um Sistema Integrado de Vigilância do Estreito (SIVE) ao longo da costa andaluza, entre Cabo de Gata, a leste de Almería, e Ayamonte, perto de Portugal.

Está prevista a instalaçao de postos eletrônicos de observaçao equipados com sistemas de detecçao noturnos, radares, sistemas de cálculos de distância e de transmissao de dados. Trata-se de um investimento de 30 bilhoes de pesetas (US$ 172 milhoes), dos quais um bilhao de pesetas (US$ 5,7 milhoes) serao investidos este ano, explica Osuña, que nao pode precisar quando o sistema será operacional.

``Se a Uniao Européia nos ajudar, demoraremos menos em sua instalaçao. Por enquanto, nao nos ajuda, embora a maioria dos imigrantes (marroquinos) vá principalmente para França, Itália e Bélgica', queixa-se Osuña.

Reconhece, contudo, que este ano Espanha (Almería, Murcia e Barcelona) se converteu também em um dos destinos preferidos. O prefeito de Algeciras, Patrício González, do Partido Andaluz (PA, regionalista), é bastante cético em relaçao a estas medidas. É partidário de uma maior integraçao das duas margens do estreito, entre Marrocos e o Sul da Espanha.




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