Pensou na exótica Marajó, lembrou de búfalo. Alguns dizem que os animais foram levados à ilha por um empreendedor pecuarista. Outros, que teriam chegado a nado em meados do século 19: conseqüência do naufrágio de um navio francês que deveria transportar os animais até a Guiana.

Seja qual for a real história de sua chegada, a verdade é que os búfalos se adaptaram como ninguém ao clima e, hoje, dominam as paisagens de Marajó: ora nos terrenos alagadiços das fazendas, ora servindo de condução aos patrulheiros da polícia militar de Soure, à semelhança da polícia montada canadense.

Pouquíssimos lugares do mundo oferecem a possibilidade de se assistir à cena de um PM perseguindo um ladrão sobre o lombo deste ruminante - embora também possuam viatura para isso. E até nos períodos de festa, lá está o búfalo para marcar presença. É ele quem puxa, por exemplo, o chamado Búfalo Elétrico, espécie de carroça com caixa de som que circula nas ruas durante o Carnaval arrastando foliões ao som de ritmos como carimbó e lundu.

Não à toa a quantidade de cabeças bubalinas já supera o dobro do número de habitantes da ilha, estimado em 250 mil pessoas. De selvagem mesmo só restou a aparência, porque, na prática, muitos deles são tão dóceis quanto um cachorrinho de estimação. Sorte dos turistas, que podem arriscar uma galopada ou, ao menos, tirar uma foto sobre o animal para, depois, se vangloriar em São Paulo.