Essa constataçao apareceu com o surgimento do Fiat Uno Mille, o primeiro modelo 1.0 do mercado, que está completando dez anos. Aliás, diga-se de passagem, provavelmente um de seus últimos aniversários, pois com a reformulaçao da família Palio, comenta-se que o modelo sairá de linha.

Nesta década de existência, o automóvel pequeno por fora e grande por dentro - foi projetado de dentro para fora, considerando a dimensao necessária para abrigar cinco ocupantes - foi o primeiro carro popular como é conhecido atualmente. Com o Uno Mille, vieram importantes mudanças no conceito de carro pequeno, provando que era possível produzir veículos com preço adequado para o consumidor sem, necessariamente, abrir mao da tecnologia, conforto, economia e espaço. Além disso, o sucesso no mercado comprovou a viabilidade da oferta de acessórios até entao destinados a carros médios e grandes, como ar-condicionado e trio elétrico voltados a automóveis pequenos.

História - Quando o Mille foi apresentado ao mercado causou certa desconfiança. Afinal, a novidade era um modelo com 48 cv de potência e motor com capacidade de 1 mil cm3. O design foi desenhado pelo estilista italiano Giorgio Giugiaro. Além disso, a iniciativa nao era nova, uma vez que a tentativa de criar um carro popular desprovido de opcionais e de baixo custo já havia ocorrido no passado, no início da década de 60, com os chamados pé-de-boi, que, como o próprio nome indica, nao foram grandes sucessos comerciais.

Ainda assim, na época do lançamento do Mille, os diretores da Fiat com participaçao direta no projeto tentaram desenvolver um carro inteligente, que aliasse economia de combustível, espaço e que custasse menos do que a média do mercado. Em quatro meses foram vendidas mais de 20 mil unidades.

Para a Fiat, o sucesso instantâneo do modelo devia-se, principalmente, à adequada relaçao custo-benefício: preço atrativo, espaço interno suficiente para cinco pessoas e bom espaço para bagagem - considerando seu porte, com a colocaçao do estepe no compartimento do motor. Além disso, o Mille ainda inovava com banco traseiro rebatível, que aumenta a área para cargas volumosas e - devido ao projeto ergonômico - bom espaço para as pernas também para os passageiros do banco traseiro.

No decorrer dos anos, o projeto foi sendo aperfeiçoado. Ganhou uma série especial, em 1991, denominada Brio, com carburador de corpo duplo e 54 cv. Em 1992, esse modelo foi substituído pelo Mille Eletronic, que ganharia no ano seguinte a versao de quatro portas.

Em 1994, o Fiat Mille ELX chegava ao mercado, beneficiado com algumas opçoes mais luxuosas, como o ar-condicionado, vidros verdes e elétricos, rodas de liga-leve, trava elétrica das portas e mais uma série de opcionais normalmente disponíveis apenas em carros maiores. No ano seguinte, surgiram os primeiros Mille com injeçao eletrônica e potência de 58 cv. Para o ano de 96, a Fiat reservou o modelo SX, sem muitas novidades mas com opcionais livres.

Com o lançamento do Palio, em 1996, a Fiat adotou uma nova estratégia mercadológica para o Mille. Assim, o manteve como o carro brasileiro mais barato do mercado e em constante evoluçao. O investimento em tecnologia do produto permitiu, por exemplo, o aumento dos intervalos das trocas de óleo e o período das revisoes.