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Greve afeta distribuição de gás

Consumidor tem dificuldades para encontrar botijões em revendas da região; normalização do estoque poderá levar de 24 a 48 horas

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
14/11/2015 | 07:28
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Ricardo Trida/DGABC


A greve dos petroleiros, que chegou ao 13º dia e contou com a adesão dos funcionários da Recap (Refinaria de Capuava), em Mauá, e do terminal da Petrobras em São Caetano, prejudicou o abastecimento de gás de cozinha aos distribuidores do Grande ABC. A paralisação deverá ser encerrada hoje, mas a previsão é de que o fornecimento demore de 24 a 48 horas para ser regularizado, o que poderá manter os estoques vazios por pelo menos dois dias.

A equipe do Diário pesquisou a situação de 11 revendedores espalhados pela região. Desses, três já não possuíam botijões para venda imediata. Em outros quatro depósitos, ainda havia estoque, mas a expectativa era de que a disponibilidade fosse para, no máximo, até a manhã de hoje. Em quatro lojas, a informação apurada foi de que o fornecimento ainda estava normal.

Para tentar garantir os botijões, alguns revendedores tiveram de partir para ‘esquemas de guerra’. Uma das estratégias foi deixar os caminhoneiros de plantão nas imediações da refinaria para que, assim que houvesse botijões para venda, fossem adquiridos imediatamente. Outros optaram por madrugar na porta da Recap para tentar garantir o produto antes dos concorrentes. Mesmo assim, muitos ainda tinham dificuldade para suprir a demanda, sem previsão de quando haverá estoque disponível.

Funcionários das revendedoras contam que, sem saber quanto tempo duraria a paralisação dos petroleiros, alguns consumidores decidiram comprar mais um botijão, além do que necessitava, para garantir que não ficaria sem o combustível em casa durante a greve.

O diretor financeiro do Sindiminério ABC (Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo do Grande ABC), Luiz Carlos dos Santos, explica que a Petrobras envia cotas diárias de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) para as distribuidoras, que fazem o envasamento da substância nos botijões. Diante da paralisação, explica, os bombeamentos foram reduzidos, sendo feitos apenas em um período do dia. “Tem empresa que recebe de manhã e a outra não, e vice-versa. E tem algumas que chegaram a ficar o dia todo sem receber a cota”, salienta.

Santos acrescenta que, em casos de estabelecimentos de utilidade pública, como escolas e unidades de Saúde, não houve interrupção do fornecimento.

Apesar de garantir que não houve falta de gás na refinaria, o diretor do Sindipetro (Sindicato Unificado dos Petroleiros no Estado de São Paulo) na região Auzélio Alves, admitiu que o fornecimento do combustível pelas sete empresas espalhadas pelo polo petroquímico que fazem a distribuição deverá demorar de 24 a 48 horas para ser normalizado, ou seja, para que o bombeamento volte a ser de 100% da cota estabelecida em contrato.


Paralisação deve acabar hoje, diz sindicato

A FUP (Federação Única dos Petroleiros) orientou ontem aos sindicatos filiados que suspendam a greve da categoria, que chegou ao 13º dia. Representantes dos trabalhadores se reuniram com o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, e chegaram a um consenso que prevê a manutenção do acordo coletivo de trabalho vigente e reajuste salarial de 9,53%. A estatal garantiu a compensação de metade dos dias parados e o desconto dos dias restantes.

Entre os principais avanços está a formação de um grupo de trabalho paritário, que terá representantes da FUP e da empresa, para discussão da chamada ‘Pauta pelo Brasil’, cujo objetivo é “garantir a retomada dos investimentos e a preservação dos ativos da Petrobras”.

Segundo a federação, “o trabalho será baseado em estudos feitos pelo grupo de economia da energia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e pelo interministerial, que analisaram os principais impactos já causados pela retração do setor petróleo”. Esses estudos, acrescenta a FUP, “ apontam que, para cada R$ 1 bilhão que a Petrobras deixa de investir no País, o efeito negativo sobre o PIB (Produto Interno Bruto) é de R$ 2,5 bilhões. A estimativa é de que 20 milhões de empregos deixarão de ser gerados até 2019, em razão dos desinvestimentos”.

O diretor do Sindipetro (Sindicato Unificado dos Petroleiros no Estado de São Paulo) na região Auzélio Alves diz que a proposta pelo fim da greve foi aprovada pelos funcionários da Refinaria de Capuava, mas que irá aguardar o resultado das assembleias nos terminais de Guararema, Barueri, Guarulhos e São Caetano para confirmar o retorno ao trabalho, o que deve ocorrer até as 8h. 




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