Economia Titulo Correção
Reajuste dos químicos injeta R$ 180 mi na região

Isso será reflexo do aumento de 10,33%
sobre os salários no período de 12 meses

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
11/11/2015 | 07:25
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Claudinei Plaza/DGABC


O reajuste de 10,33% nos salários dos 38 mil trabalhadores do setor químico do Grande ABC vai injetar na economia local, pelos próximos 12 meses, o equivalente a R$ 180 milhões. O montante supera os R$ 139 milhões que circularão em virtude do aumento de 10% nos rendimentos dos 6.750 bancários da região.

Isso é o que aponta levantamento realizado pela subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) do Sindicato dos Químicos do ABC. Mensalmente, o impacto vai girar em torno de R$ 15 milhões.

Nas sete cidades, a categoria como um todo soma 40 mil trabalhadores, porém, em torno de 2.000 atuam na indústria farmacêutica, e a data-base é diferente, em abril.

Considerando os 38 mil do ramo químico que têm a data-base em 1º de novembro, a remuneração média está em R$ 3.780. Isso significa que a correção salarial vai girar em torno de R$ 390,47.

Segundo o economista Thomaz Jensen, assessor técnico do Dieese, contribuem para a injeção de recursos os profissionais que atuam em petroquímicas, fabricantes de tintas e indústrias de plástico. No primeiro caso, os cerca de 5.500 que atuam em petroquímicas geram adicional anual médio de quase R$ 8.500 por profissional, assim como os mais de 15 mil trabalhadores no setor plástico, cujo reajuste movimenta R$ 54 milhões.

Na avaliação do economista, embora muita gente vá pagar suas dívidas, parcela significativa também deverá gastar no comércio e em serviços da região, o que deve ajudar a manter empregos.

“O resultado da campanha reivindicatória, em termos de reajuste salarial, é extremamente positivo, pois repõe integralmente a mais alta inflação acumulada desde 2003, inclusive no piso salarial. É sempre importante lembrar que o ganho real acumulado pela categoria dos químicos no Grande ABC é de 21,6% desde 2004. No piso, o ganho real acumulado no mesmo período chegou a 34,6%”, explica Jensen. A inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que reajusta salários, nos 12 meses terminados em outubro atingiu os exatos 10,33%.  “Nunca vi um ano tão ruim para a indústria química.”

ENTRAVES - Em 2015, além do impacto da recessão econômica provocada pelo ajuste fiscal e pela redução do ritmo de crescimento da China, cita o economista, a indústria química está sendo impactada pelas incertezas em relação ao acordo de fornecimento de nafta para a petroquímica. “Isso tudo numa negociação que se arrasta desde fevereiro e para a qual não se sabe se haverá solução definitiva ainda neste ano, embora exista expectativa de que até meados de dezembro seja assinado o acordo entre a Braskem e a Petrobras”, diz.

O segmento também sofreu impactos por conta do anunciado fim do Reiq (Regime Especial da Indústria Química), que reduz a alíquota de PIS/Cofins que incide sobre matérias-primas dos setores químico e petroquímico. O que tende a agravar a já crítica situação experimentada pelas empresas dessa área em 2015, na avaliação da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química). “O Reiq foi anunciado em 2013, e era uma das principais medidas negociadas no Conselho de Competitividade do Plano Brasil Maior, com participação do sindicato e da CNQ (Confederação Nacional do Ramo Químico). O Reiq reduziu de 9,25% para 1% a alíquota de PIS/Cofins na compra de matéria-prima da primeira geração petroquímica e de insumos para a segunda geração.

A Braskem, por exemplo, beneficia-se do Reiq na compra de nafta da Petrobras. O governo indicou que o regime será reduzido em 50% em 2016 e zerado no ano seguinte. Provavelmente, no ano que vem a alíquota será elevada para próximo de 5% e retornará aos 9,25% em 2017.”

Jensen afirma ainda que as novas alíquotas, mais elevadas, que diminuíram os impactos positivos da desoneração de folha também afetaram a indústria plástica e de tintas.


Até setembro, 2.296 operários foram demitidos

As indústrias químicas, especialmente a de transformação plástica, fizeram neste ano forte ajuste no emprego. No acumulado entre janeiro e setembro, conforme dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), o saldo entre admitidos e desligados está negativo em 2.296 postos de trabalho. “Esse é o pior saldo de emprego no segmento desde os anos 1990”, afirma o economista Thomaz Jensen, assessor técnico do Dieese.

A indústria de transformação plástica responde por 57% deste total, ou seja, 1.300 postos de trabalho fechados. O que se destaca é a acentuada queda nas contratações, uma vez que o número de dispensas segue a tendência dos últimos anos. “Ou seja, diante da incerteza, a indústria química não teve dúvidas em manter demissões e reduzir drasticamente a geração de emprego”, avalia Jensen.
 




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