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CPIs: contradições marcam depoimento de doleiro
Do Diário OnLine
Com Agências
20/09/2005 | 20:35
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Agência SenadoO depoimento do doleiro Antônio Oliveira Claramunt, conhecido como Toninho da Barcelona, às CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) do 'Mensalão', dos Correios e dos Bingos, foi marcado por uma grave contradição envolvendo o PT (Partido dos Trabalhadores). Logo no início dos esclarecimentos, ele afirmou que nunca prestou serviço direto ao PT, políticos, ou agremiações partidárias, e disse ainda que jamais havia operado com dinheiro público. No entanto, em um segundo momento, o doleiro revelou que trocou dólares por reais para o PT na campanha eleitoral de 2002 e chegou a comprar moeda norte-americana de membros do partido, num total de aproximadamente R$ 7 milhões.

Toninho da Barcelona explicou que a transação milionários funcionou da seguinte maneira: entre setembro e outubro de 2002, foram trocados US$ 2,05 milhões por R$ 7 milhões e repassados para a corretora Bônus-Banval que, posteriormente, entregou o montante ao PT e a alguns partidos que hoje constituem a base aliada do governo Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com o doleiro, o deputado federal José Dirceu (PT-SP), na época presidente da legenda, tinha conhecimento de todas as movimentações. "Quando o mercado começa com uma atipicidade, tem-se o cuidado de saber exatamente que operação é, a que se refere a essa operação, por que razão ela demanda de tanto dinheiro: campanha política", disse Toninho.

O depoente chegou a revelar que em 2002 entregava a uma pessoa de nome Marcos, no gabinete do então vereador paulista Devanir Ribeiro, do PT, cerca de US$ 30 mil por dia. Segundo ele, a soma pode ter passado de US$ 100 mil. Devanir Ribeiro, atualmente deputado federal pelo PT de São Paulo, e que estava no plenário da CPI, disse desconhecer o recebimento do dinheiro. Mas o doleiro insistiu que os recursos eram entregues a Marcos, "que pode ser o filho do deputado", por um funcionário seu de nome Marcelo Viana.

Apesar de reconhecer que fez negócios com o PT, Toninho da Barcelona declarou que o doleiro número '1' do PT era Dario Messer, que organizava as transações monetárias por meio da Bônus-Banval. "Todo o dinheiro que era encaminhado à Bônus-Banval se destinava a partidários do PT. Não única e exclusivamente a Delúbio Soares [ex-tesoureiro do PT]. Ele não pegou aquele dinheiro todo e pôs nos bolsos", disse. "O Banco Rural vendia dólares a Messer, que vendia no mercado e angariava reais. A Bônus-Banval só recebia os reais e administrava", completou.

Nova Contradição – Também no início do seu depoimento, o doleiro Antônio Oliveira Claramunt disse que não tinha como clientes juízes ou políticos. No entanto, ao ser pressionado pelos questionamentos dos parlamentares, ele fez uma pequena lista de clientes, entre eles juízes e policiais federais: Cássio Maslum (juiz); Luiz Rondon Teixeira Magalhães (juiz); e Plínio Barreto (juiz).

Thomaz Bastos e Meirelles - Toninho da Barcelona rechaçou a informação de que teria mandado dólares ao exterior de propriedade do ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, conforme notícia veiculada pela revista Veja. Ele aconselhou a revista a procurar informações junto ao doleiro Marco Antonio Corsini. "Eu não fiz uma acusação direta ao ministro Márcio Thomaz Bastos", disse. "Eu conheço um doleiro de nome Marco Antônio Cursini, que é muito meu amigo, que me confidenciou que sim, que tinha atendido o escritório dele (do ministro), mas não me disse se teria sido ou não operações de câmbio."

Barcelona disse ainda que o banco MTB abrigava cerca de 90% das operações financeiras envolvendo compra e venda de moedas estrangeiras no país, e que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, remeteu, no passado, US$ 59 mil ao exterior. Ele disse acreditar, no entanto, que Meirelles "remeteu a quantia sem qualquer intenção de lesar ou fraudar a legislação". Disse ainda que em suas contas bancárias jamais transitou um centavo de dinheiro público, ou oriundo de narcotráfico e tráfico de armas.

Acusações - Toninho da Barcelona cumpre pena de 25 anos na penitenciária de Avaré, interior de São Paulo, por evasão de divisas, entre outros crimes. Antes de ser convocado pelas comissões, o doleiro teria feito acusações sobre um suposto esquema para o envio de dinheiro do PT ao exterior. O doleiro chegou de avião a Brasília, cercado por um grande aparato de segurança. Ele estava algemado e foi levado ao Congresso em um carro da Polícia Federal.




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