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Maternidade, sentimento único
Samir Siviero
Do Diário do Grande ABC
08/03/2009 | 07:00
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A possibilidade de gerar uma vida, sem dúvida, causa inveja nos homens. Acompanhar e observar as mudanças da mulher em todas as fases da gestação, porém, é um privilégio. Entre o momento em que ela olha para você e diz que está grávida até o dia em que você vê seu filho sair da barriga dela, verá esta pessoa se transformar ao longo de nove meses, ou oito, como foi o meu caso.

Quando ela traz um envelope com um monte de informações que você não sabe ao certo o que são, procure logo onde está escrito ‘positivo'. Será a maior experiência da sua vida. Já na entrega deste envelope notará a mudança nas feições da mulher. Elas se sentem inseguras com o futuro, com as mudanças em seu corpo e em sua vida, mas têm certeza de que vivem seu melhor momento e isso lhes dá força e as tornam mais poderosas.

Com 30 anos de profissão, o chefe da clínica obstétrica da Faculdade de Medicina do ABC, Mauro Sancovski, 55, já acompanhou inúmeros partos, inclusive de seus dois filhos. Para ele, toda gravidez é diferente da outra, mas o sentimento de força ao poder gerar uma criança e depois amamentá-la é comum a todas as mulheres. "A mulher fica poderosa neste período. Podem reclamar que a aparência muda, que sofrem demais, mas têm grande prazer nisso e se orgulham desse poder", conta Sancovski.

Força que contrasta com vulnerabilidade e aumento da sensibilidade ao longo da gestação. "Quando se trata de uma gravidez programada, a mulher vive o auge de sua vida, mesmo assim ainda terá dúvidas se fez a coisa certa, pois carrega a gravidez a todo lugar que vai, na academia ou no trabalho e o homem não. O único momento que ele tem para curtir a gravidez é quando chega em casa."

Com esta restrição, o homem acompanha o desenvolvimento da gravidez quando consegue. O principal é ir junto ao médico e ver, por exemplo, seu filho passar de apenas meio centímetro, na primeira consulta, ganhar braços, pernas, cabeça e se desenvolver até o dia em que poderá pegá-lo nos braços.

As emoções ao longo desses meses de gravidez são muitas. Entre elas, a primeira vez que se ouve o coração, quando se sabe o sexo da criança e até quando podemos ver o rosto, já que a tecnologia nos permite chegar a esse nível. Um desenvolvimento no corpo de outra pessoa. É aí que o homem reconhece a força da mulher. É muito bom sentir a criança chutando a barriga da mãe, ouvi-la se mexer, mas sinceramente não imagino nenhum homem com capacidade para tal feito. Confesso que na madrugada em que a ‘bolsa estourou' fiquei sem saber muito o que fazer. Enquanto ela, que dali algumas horas colocaria uma nova vida no mundo, se vestia normalmente, eu ia de um lado para o outro.

Sancovski confirma a tese de que a gravidez é uma das coisas que o homem pode dizer que lhe causa inveja, já que "nunca vai poder gerar uma criança". Tudo bem, nos contentamos com as experiências vividas do ‘lado de fora' da barriga.




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