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Nos municípios, PMDB vive dilema sobre eleições
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
23/05/2010 | 08:19
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As executivas municipais do PMDB em cidades paulistas vivem um dilema: apoiar o PT ou o PSDB nas eleições de outubro? Os expoentes da legenda no Grande ABC são unânimes em afirmar que a situação é complicada. O embaraço está no fato de a sigla estar ao lado da petista Dilma Rousseff na corrida pela Presidência e junto com o tucano Geraldo Alckmin no pleito rumo ao governo de São Paulo.

Essa circunstância só é possível porque a verticalização partidária, que obrigava os partidos a fazerem as mesmas alianças em âmbito nacional e nos Estados, foi derrubada em 2006 - mas valeu na eleição há quatro anos.

O argumento a favor da ‘incoerência' é de que o atual formato respeita as especificidades de cada legenda e de cada Estado. Por outro lado, essas características regionais resultam no enfraquecimento da filosofia de partidos nacionais, dificultando a governabilidade de presidentes e governadores, pois terão de fechar alianças com maior quantidade e diversidade de agremiações.

O diretor acadêmico da Fespsp (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), Aldo Fornazieri, avalia que esse fenômeno ocorre porque o Brasil é um País de território extenso, que torna complexo "estabelecer coerência completa".

"Existem muitas seções regionais, que possuem interesses divergentes. Nesse caso, é ruim a obrigação de alinhar as políticas nacional e estadual", analisa.

Outro ponto para que as incongruências apareçam é a "falta de capacidade de comando" dos partidos, alerta o especialista. "O DEM, por exemplo, impediu coligações com o PT em qualquer parte do País. Não é o caso do PMDB, que tem política frouxa e não impõe norma nacional de aliança", salienta Fornazieri. "O que temos de cobrar não é a legislação que determina a conduta das legendas, mas sim a coerência interna das siglas", completa.

O professor ressalta ainda que a decisão dos peemedebistas nas cidades se torna complicada, pois as prefeituras dependem dos governos federal e estadual. "Apesar desse fator, as agremiações têm de equacionar seus problemas internos."

Assim, o eleitor tem papel fundamental para que a verticalização ocorra de maneira natural, e não forçada por lei específica. "A questão programática é fundamental. A saída é evitar o voto aos partidos incoerentes. O eleitor também tem de se posicionar", afirma o diretor acadêmico, que completa: "A consolidação da democracia e a própria experiência adquirida ao logo dos anos vão fazer com que a situação seja solucionada."




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