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Greenpeace entra em conflito com pescadores de atum na França
Da AFP
23/08/2006 | 20:38
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O célebre navio do Greenpeace, o "Rainbow Warrior", foi bloqueado nesta quarta-feira em frente ao grande porto francês de Marselha (sul) por cerca de 20 pescadores de atum, em protesto pela campanha do grupo ecologista contra a pesca predatória no Mediterrâneo.

Ao cair da tarde, o veleiro de três mastros estava ancorado na enseada de Marselha, apesar de uma proibição das autoridades marítimas, que justificaram a medida pelo "risco de alterar a ordem pública".

Furioso, o sindicato de pescadores de atum fez aumentar a tensão ao bloquear o acesso ao porto comercial para exigir a partida do navio do Greenpeace. Dois barcos pesqueiros se aproximaram do "Rainbow Warrior" para jogar nele água com suas mangueiras de combate a incêndio.

O veleiro já estava cercado desde a manhã por cerca de 20 pesqueiros que pretendiam, desta forma, obrigá-lo a zarpar mar adentro. O Greenpeace denunciou "uma ação ilegal, contrária a qualquer legislação", assim como uma "confabulação" entre os pescadores e as autoridades francesas.

Apesar da proibição das autoridades, o Greenpeace decidiu, a princípio, manter seu veleiro ancorado na enseada, com o argumento de que o "Rainbow Warrior" precisa se reabastecer de água e combustível.

"Apresentamos um recurso ao prefeito marítimo por intermédio do nosso advogado e agora estamos estudando nossa linha de ação", disse o diretor de campanhas do Greenpeace na França, Yannick Jadot, que está a bordo do navio. Poucas horas depois, Jadot anunciou que os militantes decidiram partir na manhã de quinta-feira.

O encarregado do sindicato dos pescadores, Murad Kahul, por sua vez, qualificou os ecologistas de "piratas". Os comandantes dos 35 pesqueiros de atum no Mediterrâneo consideram ser bodes expiatórios do "ódio do Greenpeace contra a França".

Os pescadores denunciaram as dificuldades que enfrentam: aumento do preço do combustível, impostos, baixa dos preços, normas de segurança. "Temos a impressão de que o Greenpeace quer nos dar o tiro de misericórdia", lamentou um deles, Cyril Zaragosa, 28 anos, no ofício há quatro.

A idéia original do Greenpeace era ancorar no porto de Marselha, tal como fez em Gênova (Itália) e Barcelona (Espanha), para informar o público sobre os riscos que ameaçam o Mediterrâneo, como a pesca predatória.

No centro da polêmica está o atum vermelho, muito apreciado no Japão, onde é usado para preparar o tradicional sushi.

Os pescadores profissionais garantem não haver risco de que os recursos do Mediterrâneo sejam afetados e condenam que o Greenpeace concentre seus ataques nos atuneiros franceses.

A organização ecologista, por sua vez, afirma que a espécie é superexplorada, "com 50 mil toneladas pescadas no ano passado contra 32 mil toneladas autorizadas" no Atlântico norte e no Mediterrâneo.



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