Foi aprovado na terça-feira por 99,7% dos credores, em assembléia, o plano de recuperação judicial da Fris-Moldu-Car, de São Bernardo.  A empresa agora terá que pagar R$ 5,5 milhões, em seis parcelas, para 400 ex-funcionários. Segundo o advogado da empresa Roberto Leonessa, do escritório Picarelli e Leonessa Advogados Associados, a origem do dinheiro para pagar os credores/trabalhadores virá da venda de ativos - parte do prédio e de equipamentos ociosos. "O acordo foi feito com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que antes pleiteava R$ 17 milhões. Depois de tanto negociar conseguimos diminuir para os R$ 5,5 milhões", afirma.

Quanto aos outros credores, como por exemplo bancos, a empresa tem carência de 12 meses, e pagará a dívida em 180 vezes. Ou seja, vai começar a pagar em dezembro de 2009, uma dívida que está em torno de R$ 12 milhões.

Segundo o advogado, o plano de recuperação foi desenhado e redesenhado em 18 meses. Em nota a empresa afirma que "o esperado acordo com o sindicato da categoria para a quitação dos débitos trabalhistas aconteceu no dia 14 de novembro. A aceitação foi expressiva e muito favorável ao acordo proposto, sendo o depósito do valor negociado depositado na Justiça e todos os acertos efetivados, judicialmente".

RECUPERAÇÃO - A empresa teve o plano de recuperação judicial concedido, em 20 de novembro do ano passado, pela 7ª Vara Civil da Comarca do Fórum de São Bernardo pelo juiz de Direito Dr. Gersino Donizete do Prado.

Segundo Prado, aprovação de ontem aconteceu porque o pagamento será feito em juízo. "Dessa forma os credores acreditam que vão receber, já que o dinheiro será depositado diretamente em conta", afirma.

Na opinião do juiz, o plano de recuperação é uma oportunidade para verificar se a empresa tem ou não a possibilidade de realmente pagar suas dívidas. Se reerguer.

HISTÓRICO - A Fris-Moldu-Car está há 45 anos no bairro Rudge Ramos, mas começou em 1958 no tradicional bairro Ipiranga, em São Paulo. E foi lá que passou um de seus mais ilustres funcionários: Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, aprendiz do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), o hoje presidente da República trabalhou na linha de produção por 11 meses.