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Invasão de turistas ameaça preservação de Machu Picchu
Da AFP
15/04/2005 | 18:13
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A lendária cidade do império inca Machu Picchu, conhecida mundialmente, é invadida todos os anos por 800 mil turistas e corre o risco de ser declarada Patrimônio da Humanidade ameaçado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), se autoridades peruanas não adotarem medidas enérgicas para conservá-la.

Há 30 anos, o visitante pegava um táxi até Machu Picchu, a 2.570 metros de altitude, onde um guarda levantava uma barreira de bambu e lhe abria as portas da cidade sagrada. Atualmente, uma bilheteria, um estacionamento, lojas, um hotel de luxo e 100 guias substituem o vigia do santuário e, durante todo o dia, os turistas percorrem as escadarias de pedra construídas há cinco séculos.

Segundo o Instituto Nacional de Cultura, mais de 800 mil pessoas visitam anualmente a antiga cidade inca, declarada Patrimônio da Humanidade em 1983. A média é de dois mil a 2,5 mil turistas por dia.

A cidade, localizada nos Andes, foi descoberta pelo explorador americano Hiram Bingham em 1911, e está se deteriorando também por causa das chuvas, da falta de drenagem e das construções em Águas Calientes, localizada no pé da montanha.

Um trem com vagões azuis faz o trajeto entre Cuzco e Machu Picchu, percorrendo o vale de Urubamba. Quando desembarcam, os turistas são abordados por vendedores ambulantes.

Em 2000, a pedra sagrada Intiwanata foi danificada pela queda de uma grua utilizada por uma equipe de filmagem que rodava um comercial de cerveja, o que deixou indignada a imprensa peruana, ONGs e os responsáveis pela preservação do sítio arqueológico.

O antigo santuário também atrai praticantes de rituais xamanistas. Diante de tantas ameaças, o Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco multiplicou as advertências, indicando que "os problemas mais importantes não foram resolvidos" e que "o estado de conservação e gestão do local não melhorou significativamente" desde as missões de 1999 e 2002.

No próximo mês de junho, a Unesco poderá incluir Machu Picchu na lista de patrimônios ameaçados, uma medida destinada a alertar a comunidade internacional. Na terça-feira, o governo de Alejandro Toledo apresentará a uma comissão da Unesco que inspeciona as ruínas incas um projeto destinado a preservar o local.

No mês passado, o diretor do parque de Machu Picchu, Fernando Astete, reconheceu que um dos principais riscos é o acúmulo de água nas ruínas. "O monumento pode receber diariamente 2,5 mil visitantes, mas se houver algum estudo que mostre algum risco por causa deste número de turistas, certamente faremos as correções", disse ao jornal 'El Comercio'.




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