Os vereadores de Rio Grande da Serra convocaram ontem o secretário de Saúde, Carlos Eduardo Silva, para prestar esclarecimentos sobre a situação da rede pública, que sofre com a falta de médicos. Ele deve ir à Câmara dia 24, às 15h.
"No último fim de semana, não tinha médico no Pronto-Socorro. A situação foi tão grave que no sábado uma pessoa que não foi atendida tentou agredir o médico", afirmou o vereador Claudio Manoel de Melo (PT), autor do pedido de convocação.
A base aliada do prefeito Adler Kiko Texeira (PSDB) saiu em defesa do secretário. "Até entendo a revolta do munícipe porque não é fácil ver a família doente. Mas também temos que ver o lado do médico", disse Marilza de Oliveira (PSDB).
Segundo os vereadores governistas, o médico ficou sem almoçar por causa do trabalho e jantava na hora que o munícipe chegou para ser atendido.
"Mesmo com a Polícia Militar oferecendo segurança, ele não quis voltar mais no domingo, e dois colegas dele pediram demissão por telefone", disse o vereador Waldemar Perillo (PSDB).
A Prefeitura tenta contratar médicos para atender no regime de plantão. O pagamento é de R$ 825, a cada turno de 12 horas, desde que o profissional cumpra o período completo, sem atrasos. Entretanto, a cidade só conseguiu doze médicos, número que deve diminuir após o acidente de sábado.
"Não adianta nós cruciCW0ficarmos a Secretaria de Saúde de Rio Grande da Serra. O problema é nacional", afirmou Perillo.
O presidente da Câmara, Edvaldo Guerra (PV), descordou desta postura. "É problema, sim, da secretaria. Se R$ 900 por plantão é pouco, então que o prefeito mande uma reforma do sistema de Saúde que esta Casa aprovará com muito prazer", pontuou o verde, que atribuiu a má gestão da Pasta à nomeação de Silva.
Apontada pelo secretário de Saúde de Rio Grande da Serra como a solução para a falta de médicos, a contratação de uma OSS (Organização Social de Saúde) para gerir o Pronto-Socorro da UBS Central começou ontem, com processo de escolha das entidades.
Elas têm de ontem até o dia 19 de novembro para descrever as metas para a rede pública de Saúde da cidade, como número de médicos para fazer o atendimento, e o valor que vão cobrar por isso.
O prazo, entretanto, pode ser menor, já que apenas duas entidades, a Pro-Saúde e a Fundação do ABC, se qualificaram para executar a gestão da UBS Central.
Em entrevista ao Diário, o secretário Carlos Eduardo Silva disse ser esta a última alternativa do município, que não conseguiu contratar médicos plantonistas suficientes para suprir a demanda da cidade.
Antes das OSS, os profissionais da rede pública do município eram fornecidos primeiro pela Cemed - Centro de Emergências Médicas, que rompeu o contrato, e depois pela MRF Médicos Associados, que parou o serviço em setembro.
Entretanto, as duas empresas sofrem ação civil pública do MP (Ministério Público) por suposta fraude na licitação e superfaturamento nos contratos com Rio Grande.
Também respondem na ação o prefeito Adler Kiko Teixeira (PSDB), os ex-secretários de Saúde da cidade e os proprietários da MRF e Cemed, que o MP acusa de serem a mesma empresa.
Nenhum deles foi julgado pela Justiça até agora e todos negam as acusações - RC
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