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Mercado vê inflação de até 7,2% em 2016
07/11/2015 | 07:43
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A expectativa para a inflação do ano que vem piorou. Ontem (6), o serviço AE Projeções, da ?Agência Estado?, ouviu 30 analistas de mercado após a divulgação do IPCA de outubro. As estimativas para 2016 superaram as previsões da pesquisa anterior, feita após o anúncio do IPCA de setembro, no dia 7 de outubro.

Agora, os economistas de bancos e consultorias falam em uma inflação de 5,2% a 7,2% em 2016. A mediana ficou em 6,5%. Na pesquisa anterior, as projeções iam de 4,5% a 6,7%, com mediana de 6,0%.

Com a nova estimativa para 2016, cresce o risco de a inflação atingir - ou superar - o teto da meta estipulada pelo governo, de 6,5% ao ano.

Para 2015, as projeções são piores. Muitos economistas dizem que a inflação deve ficar acima de 10%. Segundo os economistas, deve haver algum alívio nos índices em 2016 porque há expectativa de alta menor nos preços administrados, de serviços regulados pelo governo, como energia elétrica. Mas não será uma trégua completa. Os preços dos combustíveis devem subir e pressionar a inflação.

Além disso, os analistas dizem que o câmbio permanece como grande fator de risco de pressão inflacionária. Os economistas também têm dúvidas se a política de juros terá efeito sobre a inflação porque a economia já está em recessão.

No teto da meta

A projeção do Banco Pine é de que a inflação fechará 2016 exatamente no teto da meta, 6,5%. A desaceleração na inflação em relação a 2015 deve vir dos aumentos bem menores dos preços administrados e dos efeitos mais fortes da alta dos juros, além de uma pressão menor do câmbio.

"Os impactos dos principais reajustes vão cedendo espaço à recessão na dinâmica inflacionária", disse o economista Marco Antonio Caruso. Ele vê a massa salarial "afundando" com o aumento do desemprego, o que funcionará como um freio ao consumo. "Essa é a aposta do BC (Banco Central)."

Na RC Consultores, o economista Marcel Caparoz disse que há um bom tempo vinha estimando inflação de 6,5%, mas, após o IPCA de outubro mostrar novas pressões inflacionárias, alterou a projeção para 2016 para 7,0%. "A expectativa é que a energia elétrica não apresente uma taxa perto de 60% como pode acontecer neste ano, mas esperamos que vários itens sejam reajustados significativamente em 2016."

Entre os itens mencionados por Caparoz estão as matrículas escolares, que são reajustadas no começo do ano, os planos de saúde e o aumento do salário mínimo. Segundo o economista, como o IPCA de 2015 deve fechar na faixa de 10%, haverá um efeito psicológico forte sobre a população, que tende a requerer aumentos salariais maiores, ainda que o momento não seja propício, por causa da recessão econômica.

"Quando a inflação bate em 10%, as pessoas tendem a tomar decisões com base nesse número e pedir reajustes na mesma magnitude. Isso alimenta a inflação futura, que também pode ficar elevada, e pressiona para ter essa transferência. Também torna a inflação cada vez mais resistente."

Conta de luz

Já o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal, confirmou sua estimativa de 6,5% para o IPCA do próximo ano, pois considera a saída da bandeira vermelha para, no mínimo, a amarela, o que tende a diminuir os custos com energia elétrica no País. "Podemos ter outras pressões, como a gasolina. Não considero Cide em 2016. Se aparecer, imagino que será neste ano. Só se o governo não conseguir aprovar a CPMF."

Desvalorização do real

Para o economista da RC Consultores, outro fator de influência de alta dos preços é a desvalorização cambial, que já está mexendo com a inflação. "Veja o IGP-M. Já está acima de 10% no acumulado de 12 meses (até outubro). Acelerou rapidamente." Em 2014, o IGP-M fechou com alta de 3,69%.

"Não adianta mexer na taxa de juros. A inflação não é de demanda, mas de custos. Como está bastante pressionada, o consumidor passa a trocar um bem pelo outro, pois o preço não para de subir", disse Caparoz.

A pressão de custos foi um dos fatores que levaram o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, a mudar sua projeção para o IPCA de 2016, de 4,5% para 5,2%. Ainda assim, a agência de classificação de risco ocupa o piso das expectativas da pesquisa. "Nosso ajuste decorre da perspectiva de inércia de aumento de custos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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