Política Titulo Editorial
Pesadelo da casa própria
Do Diário do Grande ABC
02/11/2015 | 09:02
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Aline Pietri/DGABC


A qualidade do material empregado pelas empresas na construção de imóveis por meio de programas habitacionais dos governos estadual e federal está em xeque. Reportagem publicada hoje pelo Diário mostra que vários apartamentos inaugurados nos últimos tempos no Grande ABC, alguns há menos de um ano, apresentam tantos problemas que afrontam a finalidade para a qual foram entregues, qual seja, a de fornecer moradia digna aos menos favorecidos economicamente.

Os exemplos de danos causados em tão pouco tempo são tantos que ensejam investigação rigorosa sobre as empreiteiras que venceram as licitações para erguer os condomínios espalhados pelas cidades da região. Não se pode esquecer que as construtoras estão sujeitas à Lei Federal 11.124, sancionada em 2005, que determina o cumprimento de certos requisitos.

Garantir moradia digna a preço razoável não é sinônimo de permitir o uso de produtos e peças de péssima qualidade, com prazos de validade e funcionamento suficientes apenas para suportar o período de garantia do imóvel. Especialistas, como a professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Maria Lucia Refinetti, questionam a boa-fé dos construtores, que não estariam preocupados com a sustentabilidade, mas com os lucros.

Entre a qualidade e a economia, empresários mal-intencionados sempre optam pela segunda. Quem paga o pato é o morador, que não recebe o imóvel de graça – e mesmo que o fizesse, essa não seria justificativa para obrigá-lo a conviver com falhas no projeto.

Está na hora de presidente, governador e deputados, tanto federais quanto estaduais, pararem de gastar energia em politicagens e concentrar esforços no que realmente importa, que é o bem-estar da população. Olhar mais cuidadoso sobre os programas habitacionais pode resultar em regras mais rígidas para garantir a utilização de materiais de boa procedência na construção de imóveis. Afinal, de nada adianta retirar famílias de áreas de risco para abrigá-las em edifícios sem o mínimo de estrutura. Isso não é dignidade. 




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