Cresceu quase 28%, em um ano, o número de motoristas do Grande ABC notificados pelo Detran (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo) por terem atingido, ou ultrapassado, os 20 pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação) devido a infrações cometidas nas ruas e estradas do Brasil. Oito condutores com endereço em uma das sete cidades da região, em média, recebem a cada hora aviso de que serão alvos de processo administrativo cujo resultado final pode ser a proibição do direito de dirigir por determinado período de tempo.

A quantidade de motoristas infratores espalhados pelo Grande ABC dá ideia dos excessos cometidos no trânsito e da falta de consciência cidadã dos condutores de veículos. Boa parte das violações se deve a ocorrências extremamente graves, como a direção sob efeito de álcool ou drogas ou a prática de racha automobilístico, e cujas consequências podem ser trágicas.

Causa ainda mais espanto a demora do processo legal para retirar motoristas assim de circulação. Embora todos tenham direito a ampla defesa, não se pode considerar razoável prazo de até oito anos para a conclusão das investigações, conforme atesta o advogado Pedro Siqueira Matheus, presidente do IBCT (Instituto Brasileiro de Ciências de Trânsito). Rever a tramitação, sem evidentemente tolher qualquer prerrogativa, faz-se necessário.

Do jeito que está, mesmo quando é considerado culpado, o que ocorre com 90% dos condutores que recebem o aviso de abertura de investigação do Detran, na imensa maioria das vezes o motorista pode continuar guiando sem nenhum problema, pois a CNH só será retida no momento da renovação. Permitir que indivíduos flagrados dirigindo bêbados ou então em alta velocidade, transformando ruas e avenidas em pistas de corrida, é tremenda irresponsabilidade.

A legislação precisa ser aprimorada. E é o respeito às regras e à vida que deve nortear as mudanças. O trânsito está a cada dia mais perigoso. A impressão, ratificada pelos números ora divulgados, é a de que psicopatas assumiram o volante. Necessário detê-los.