Política Titulo Editorial
A caixa-preta da EMTU
Do Diário do Grande ABC
28/10/2015 | 08:43
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Aline Pietri/DGABC


Frustração. Não há outra palavra para definir o conteúdo da entrevista que o presidente da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), Joaquim Lopes da Silva Júnior, concedeu ontem ao Diário para falar sobre a Área 5, sistema de transporte por ônibus intermunicipais que abrange as cidades do Grande ABC. Procurado pelo jornal para que explicasse a recente decisão da companhia de acabar com a autonomia da região, submetendo-a a outras, o executivo demonstrou despreparo e total desconhecimento dos dados locais.

Silva Júnior não liberou nenhuma informação sobre a Área 5. Por ignorância, o que é ruim, ou por deliberação, o que é ainda pior. Seja qual for a razão, o fato é que o setor de ônibus intermunicipais que servem à região se transformou na grande caixa-preta da EMTU. Abri-la é obrigação do governo do Estado e direito dos cidadãos paulistas. Serviço público não deve ser protegido por qualquer tipo de sigilo.

Operada por viações com contratos precários, a Área 5 hoje é o patinho feio do sistema metropolitano de ônibus. Usuários enfrentam veículos velhos, sem acessibilidade, lotados e não raramente atrasados. Tudo porque a EMTU é incapaz de realizar a concessão definitiva das linhas por falta de interessados. Entende-se a desconfiança e a cautela dos empresários do setor em entrar na concorrência. Como fazer isso sem ter informações básicas?

Qual o ganho com as tarifas? E com o Cartão BOM? A publicidade? Os repasses feitos pela própria EMTU para empresas e consórcios que operam as linhas? Todas essas perguntas foram feitas ontem, durante a entrevista agendada antecipadamente, ao presidente Joaquim Lopes da Silva Júnior. Mas ele se esquivou de todas. Não se dignou a responder nenhuma. Lamentavelmente. Por ocupar cargo público e estar à frente de trabalho de grande interesse social, o executivo deveria ser mais transparente. A publicidade é uma obrigação do cargo. A sociedade, que lhe paga o salário e mantém o sistema funcionando, tem o direito de saber. Está na hora de o Estado abrir a caixa-preta. E já.  




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