A audiência pública de prestação de contas da Saúde de Diadema, referente ao primeiro trimestre e realizada ontem à tarde na Câmara, era para apresentar relatório das ações municipais da complexa área. No entanto, dois vereadores e pré-candidatos a deputado estadual pelo PT - os únicos que marcaram presença dos 17 - aproveitaram a chance para, mais uma vez, criticar os parcos recursos enviados do governo do Estado ao município.

Na apresentação do balanço das despesas com a área feita pela secretária em exercício, a assistente social Marilda Moreira da Silva (a titular, a médica Aparecida Linhares Pimenta está em férias), a Saúde de Diadema custou R$ 59.654.578,45 nos primeiros três meses.

Do montante, o governo Mário Reali (PT) investiu R$ 45.752.542,87 - só com folha de pagamento R$ 26.967.331,69. Outro dado informado é que de recursos do SUS (Sistema Único de Saúde) foram R$ 340 mil, mas não houve convênios com a União. Já os recursos transferidos pelo Estado, segundo os números da Pasta municipal, foi de R$ 145.042,13.

A partir dos números cantados, os discursos começaram para público composto em sua maioria por conselheiros populares de Saúde. "Mais uma vez, nos deparamos com ausência de orçamento estadual", afirmou José Antônio da Silva, o Zé Antônio (PT), antes de avaliar a audiência como ferramenta importante de discussão com os vereadores.

Após a saída do parlamentar para compromisso de ordem pessoal, o presidente do Legislativo, Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT), fez a vez e não deixou de cutucar o governo do PSDB. "A Saúde não tem partido nem coloração partidária. Tem de ser prioridade mesmo", afirmou. E foi bem mais além: "Lamentavelmente, o Estado mais rico da federação repassa menos de 1%. Diadema é a cidade que mais investe na Saúde do Brasil e do mundo".

GOVERNO - A Secretaria de Estado da Saúde apresentou outros números. Por nota, informou que "dos R$ 36,5 milhões repassados neste ano para o Grande ABC, cerca de R$ 4,3 milhões foram para Diadema".

O órgão estadual informou ainda que "os valores dos repasses são realizados de acordo com a análise e a necessidade de cada município". Quanto à questão partidária, a secretaria apontou que "não julga propostas com base em filiação partidária, mas sim em projetos. Diadema não apresentou qualquer projeto que esteja pendente".

\Secretária interina rouba a cena

Parte dos conselheiros municipais e populares de Saúde de Diadema fez lobby ontem para a permanência da assistente social Marilda Moreira da Silva como titular da área, durante a audiência pública no Legislativo.

Pelo menos duas vezes, Marilda, visivelmente constrangida, foi chamada de "secretária" pelos conselheiros ou recebeu gritos de "valeu ou obrigada minha secretária".

A titular da Pasta, Aparecida Linhares Pimenta, tirou férias por 15 dias, segundo Marilda. Neste fim de semana, ocorre a Conferência Municipal de Saúde no Teatro Clara Nunes - a abertura será amanhã, às 19h.

Ao término da audiência e ao ser questionada sobre os fãs, Marilda respondeu que nunca passou pela cabeça assumir a secretaria. "Está bem representada pela titular. Sou de trabalhar nos bastidores", afirmou, meio sem graça.

No entanto, a titular da Saúde sofre rejeição por parte de alguns vereadores. Entre eles, Laércio Soares (PCdoB), que não compareceu na audiência nem poupou críticas ao trabalho da médica. "Quase 70% dos vereadores não estão contentes com a atuação da secretária, que é uma pessoa técnica e não política. A Saúde piorou 50% sob o seu comando", afirmou.

Nos bastidores, porém, dizem que o prefeito Mário Reali (PT) não pensa em troca da titular, que veio de Amparo.