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Produção continua a reboque da demanda apesar de incentivos
10/08/2010 | 07:09
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A política de juros subsidiados do governo para incentivar o investimento na economia por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) evitou o pior no ano passado, mas não conseguiu alterar a dinâmica de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em favor da oferta.

Isso são o que indicam os dados reunidos na nova Carta de Conjuntura do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgada ontem. Para Roberto Messenberg, coordenador do grupo de Análise e Previsões do Ipea, os sinais de desaquecimento do consumo influenciarão também a acomodação do investimento, que vinha crescendo desde o terceiro trimestre do ano passado a uma taxa média três vezes superior à da expansão do PIB.

Segundo ele, o desempenho recente do investimento não significa que a economia está crescendo de forma sustentada, puxada pela oferta à frente da demanda, como tem alegado o BNDES para justificar os incentivos. Para o Ipea, o aumento da produção na indústria continua a reboque da demanda.

O documento corrobora as previsões de expansão mais suave da economia. Para Messenberg, o investimento também está se acomodando e vai chegar ao fim do ano entre os atuais 18% e 19% do PIB, patamar pré-crise. O ideal seria próximo a 24%.

"Esse crescimento recente do investimento não se sustenta. A economia não está preparada para que o investimento passe a dar a dinâmica da expansão", diz o economista. "Não vejo crescimento muito forte no consumo nos próximos meses e o investimento vai desacelerar também. O consumo tem que ser coadjuvante no crescimento,mas não conseguimos isso", afirma.

Os empréstimos do Tesouro para o BNDES a juros subsidiados têm sido alvos de críticas por estarem contribuindo para o aumento da dívida pública. Messenberg defende a ação anticíclica do BNDES, lembrando que os ativos gerados pelos projetos financiados não estão sendo computados ao custo fiscal.

"O BNDES foi essencial para manter a atividade e evitar uma queda forte do PIB em 2009", defende. No entanto, o economista diz que o melhor caminho para elevar o investimento a outro patamar a partir de 2011 é aumentar os gastos públicos em infraestrutura.




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