Após uma dura batalha, o governo do Gabão anunciou nesta sexta-feira ter confiado a um grupo de empresas chinesas a exploração da importante jazida de ferro de Belinga, no nordeste do país, descartando a líder mundial do setor, a brasileira Companhia Vale do Rio Doce.

A decisão, aguardada há semanas, foi divulgada nesta sexta-feira, após um comunicado do conselho de ministros, que concede a exploração a "um grupo de empresas chinesas" dirigido pela CMEC (China National Machinery and Equipment Import and Export Corporation). "O Estado do Gabão, para garantir o controle da obra, terá uma participação na sociedade", adiantou o governo.

A exploração de Belinga, considerada uma das últimas grandes jazidas do mundo ainda não exploradas, com reservas estimadas em 1 bilhão de toneladas, requer a construção de mais de 200 quilômetros de estradas de ferro, de um porto em águas profundas e de uma represa hidrelétrica. Os chineses prevêem o início dos trabalhos para antes do fim do ano, e o início da extração dos primeiros minerais até o ano de 2010.

A batalha entre chineses e brasileiros - inicialmente considerados favoritos - foi vencida pela empresa do gigante asiático, muito presente no Gabão. No cenário então apresentado pelo ministro das Minas, Richard Auguste Onouviet, a Vale seria responsável pela exploração da mina, enquanto os chineses deveriam se contentar com um papel secundário e a realização, e financiamento, dos trabalhos de infra-estrutura.

"Mas brasileiros e chineses disputaram o papel principal nas operações", explicou um analista econômico. "Cada um apresentou sua oferta", e a proposta chinesa foi aceita.

"O Estado chinês ofereceu garantia financeira e prometeu comprar toda a produção da Belinga. Além disso, o projeto da CMEC prevê a construção de uma estrada de ferro entre Belinga e a costa, enquanto o dos brasileiros previa apenas um trecho de 200 quilômetros entre a mina e a atual via férrea transgabonense", explicou um ministro.

Apesar de ter sido derrotada em Belinga, a Vale mantém boas bases no mercado de mineração do Gabão. O governo descartou o grupo brasileiro do projeto para a exploração de ferro, mas ofereceu apoio "nos setores de cobre e de outros minerais que a Vale desejar".