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Eluma demite em Santo André e desencadeia uma paralisação
Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC
21/01/2010 | 07:00
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O ano não começou bem para dezenas de trabalhadores da Eluma, produtora de cobre em Santo André. Alegando reestruturação no quadro de cerca de 1.200 funcionários, a companhia demitiu trabalhadores sem tentar qualquer tipo de negociação com o sindicato da categoria.

Trabalhadores demitidos, que preferiram não se identificar temendo represálias, entraram em contato com o Diário e relataram que a empresa demitiu cerca de 50 metalúrgicos ontem e que o total pode chegar a 150 nos próximos dias. O Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André não confirma os números e alega que ainda está contabilizando a lista de cortes.

Segundo o diretor executivo do sindicato e funcionário da Eluma, Elenísio de Almeida Silva, as demissões começaram no início da tarde de ontem. "Eles (a empresa) foram chamando alguns funcionários no RH e anunciando os cortes. Assim que o sindicato ficou sabendo das demissões, compareceu às fábricas (a empresa tem duas unidades em Santo André) e iniciou a paralisação", explicou.

Segundo os sindicalistas, houve resistência da diretoria da empresa para liberar a entrada do sindicato, mas depois da confusão, foi decretada greve por tempo indeterminado. "Estamos decepcionados com a companhia, não há motivos para isso. Não há crise nenhuma e a Eluma produz cerca de 60 toneladas diárias de alumínio", destacou Silva.

O que agravou ainda mais a situação foi que inúmeros empregados da lista de demitidos tinham estabilidade no trabalho. "Foram mandados embora diversos trabalhadores com doenças ocupacionais e prestes a se aposentar", ressaltou o sindicalista.

De acordo com a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o colaborador que teve confirmada a doença ocupacional e foi afastado do trabalho por esse motivo, tem estabilidade de um ano depois de o retorno ao emprego. No caso dos funcionários prestes a se aposentar, a empresa não pode realizar a dispensa um ano antes do anúncio.

"Baseados nestas informações, o sindicato está catalogando os demitidos e conhecendo caso a caso. Mas não vamos admitir que a empresa haja desta forma. A greve só acaba quando houver negociação", promete Silva.

Os próximos passos do sindicato já estão traçados. "Vamos ficar de plantão nas portas da fábricas e informar aos trabalhadores que entram as 5h da manhã sobre o ocorrido. Depois vamos aguardar contato da empresa, que ainda não definiu horário para uma reunião. Enquanto isso a ordem é de greve", destacou o diretor administrativo do sindicato, Adilson Torres, o Sapão.

ANGÚSTIA - Enquanto o impasse não se soluciona, os trabalhadores demitidos têm de conviver com a angústia. Um dos dispensados pela empresa na tarde de ontem, que preferiu não se identificar, contou que não sabe como proceder. "Eles alegaram que me demitiram porque meu salário era muito alto. Ganhava R$ 2.600 e há muita gente com benefício maior. Tenho doença ocupacional e 46 anos. Vai ser difícil daqui para frente", desabafou o metalúrgico, que atuou na empresa por 17 anos.

Faltando pouco tempo para se aposentar, outro trabalhador que está desorientado desabafou. "Simplesmente pediram meu crachá de volta depois de 14 anos de empresa. Não acredito na reversão das demissões", lamentou o trabalhador de 57 anos.




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