Economia Titulo
Crédito emperra indústria
de material de construção
Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
16/06/2011 | 07:06
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Juros mais altos para financiamento e incerteza em relação ao futuro da economia estão afastando os consumidores das lojas para material de construção. O ritmo menor das vendas neste canal, que representa 60% da produção escoada pela indústria, levou o setor a reduzir a expectativa de faturamento neste ano.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção, Melvyn Fox, diz que a meta que apontava 9% de crescimento frente aos R$ 109 bilhões faturados no ano passado, caiu para 7%. "As medidas do governo para diminuir a inflação ao aumentar a taxa de juros provocam desaceleração no consumo."
Para Foz, a dose do remédio dado pelo governo está forte demais, ou seja, a taxa básica de juros pode ser estabilizada ou até mesmo reduzida nos próximos meses, visto que a inflação recuou em abril. Com o dinheiro ficando mais caro, o consumo formiguinha, dos consumidores que recorrem às varejistas, está caindo.
REGIÃO
Lojistas do Grande ABC já sentem redução nas vendas com o atual cenário. O comerciante Roberto Konichi, de Santo André, diz que apenas entre janeiro e maio as vendas em seu depósito recuaram 7%. "O resultado do mês passado assustou muitos comerciantes, pois o resultado foi 10% menor."
Materiais básicos como cimento, areia, bloco e cal são os mais afetados. Para contornar a situação, Konichi tenta enxugar custos, administrando melhor o estoque. "Os clientes estão inseguros para contrair dívidas e as taxas das financeiras estão bastante altas. Nos últimos anos nunca vi tantos lojistas reclamando", diz.
Enquanto varejo e indústria reclamam do desempenho, a empresária Baby Marins, proprietária de um atacado também em Santo André, contabiliza avanço de 12% entre janeiro e maio. "As vendas aos pequenos e médios varejistas estão aquecidas", pontua. No mês passado, balanço divulgado pela Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção apontou queda de 6% na receita frente a igual período de 2010 e alta de 2,5% nos cinco primeiros meses.
O presidente da Abramat pontua que o setor trabalha com 86% da capacidade instalada, mas conseguirá atender à demanda da segunda fase do programa Minha Casa, Minha Vida/CF, Copa do Mundo e Olimpíada. Concorrência com China faz setor perder competitividade.

Concorrência com China faz setor perder competitividade
Assim como a indústria de autopeças do Grande ABC, que tem seu mercado abocanhado pelos fabricantes chineses, as empresas de material para construção travam batalha com os gigantes do oriente. Em 2010, a balança comercial do setor registrou deficit de R$ 2,7 bilhões, sinaliza pesquisa da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção.
"Estamos perdendo competitividade frente à China. Nossa balança era sempre positiva e agora está negativa. Além do real valorizado frente ao dólar, que torna mais barata a importação. Os custos das empresas para produzir no País são altos, principalmente de energia elétrica, encargos trabalhistas e os tributos", destaca o presidente da Abramat, Melvyn Fox.




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