Não se pode negar que a política educacional do governo do Estado de São Paulo tem muitos méritos. Um deles é a campanha de valorização dos professores, que, no primeiro semestre, pagou R$ 1 bilhão em bônus para os 232 mil profissionais do ensino. Este Diário reconhece os avanços da gestão, conforme foi dito neste espaço inúmeras vezes e pode ser conferido nos nossos arquivos. No entanto, impossível não condenar a maneira como o secretário paulista da Educação, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, está conduzindo o processo de reorganização da rede.

A falta de clareza nas declarações, o desencontro de informações e a resistência das autoridades em expor os reais impactos do projeto criaram ambiente propenso à proliferação de boatos e meias verdades que trouxeram insegurança a alunos, pais e professores das escolas públicas espalhadas pelo Estado, inclusive no Grande ABC, que registra protestos e manifestações praticamente diários por mais transparência no desenvolvimento da medida.

Enquanto a Secretaria da Educação persiste no erro de comunicação, sob a desastrosa liderança de Herman, os eventuais benefícios da medida perdem espaço para os prejuízos, expostos em alto e bom som à sociedade. A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), por exemplo, utiliza todos os meios disponíveis para difundir que a reestruturação resultará no fechamento de 167 unidades escolares, 17 delas no Grande ABC, e na demissão de 30 mil professores, número equivalente a 30% dos docentes da rede.

Sob qualquer argumento, a redução da estrutura educacional no Estado é indefensável, mas os danos poderiam ser minimizados com diálogo entre a secretaria e a sociedade. Mais clareza e menos ambiguidade no discurso seriam extremamente úteis para acalmar e tranquilizar crianças e jovens que dependem da rede pública estadual para aprender. Infelizmente, o secretário de Educação parece pensar de maneira diferente. E, com sua atitude, semeia insegurança e desesperança na sociedade. Lamentável.