Um casarão do século XVIII, localizado no Centro Histórico de Ouro Preto (MG), foi totalmente destruído em um incêndio que se iniciou no final da tarde de segunda-feira. No prédio de três andares, funcionavam seis lojas. O casarão situava-se na praça Tiradentes, no coração da cidade histórica de Minas, que abriga o maior conjunto arquitetônico do barroco colonial em todo mundo e foi o primeiro município do país a ser declarado Patrimônio Mundial pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). Bombeiros deslocados de cidades vizinhas (Ouro Preto não possui Corpo de Bombeiros) e peritos farão uma vistoria para apontar as causas do incêndio.

Na semana passada, uma missão encaminhada pela Unesco fez uma visita de três dias a Ouro Preto para averiguar o estado de conservação do conjunto arquitetônico e do patrimônio da Cidade Histórica. A missão foi conduzida pelo arquiteto Esteban Prieto Vicioso, da República Dominicana, que está encarregado de produzir um relatório que será encaminhado ao Centro de Patrimônio Mundial, em Paris (França), cujo conselho deverá decidir pela inclusão ou não da cidade na lista do Patrimônio Mundial em Perigo.

Desde o ano passado, a precariedade da manutenção do acervo de Ouro Preto tem sido constantemente denunciada, fazendo com que a cidade corra o risco de perder o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido há 23 anos. A ocupação desordenada das encostas, a precária infra-estrutura de serviços urbanos e o grande número de obras irregulares ameaçam os bens tombados.

Num esforço para conscientizar os moradores sobre a importância de se conservar o município, entidades e ONGs decidiram se unir, no ano passado, para combater o processo de deterioração do conjunto tombado. “A sensação de perda leva a repensar e nós estamos repensando”, disse o presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Alto Centro Histórico de Ouro Preto, Ricardo Pereira.