Automóveis Titulo
125 é sinônimo de duas rodas
Landa Xavier
Da Redaçao
19/09/2000 | 17:44
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O mercado de motocicletas no Brasil vai muito bem. A tese é comprovada pelos números de vendas da Associaçao Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas e Bicicletas (Abraciclo). De janeiro até agosto deste ano, já foram vendidas 382.275 unidades. Só em agosto, foram comercializadas 55.566 mil motocicletas, um aumento de 39% em relaçao ao mesmo mês de 1999. Diante desses números - aliados às importaçoes - o Brasil já é o terceiro maior mercado de motocicletas do mundo, com frota circulante que gira em torno de 4 milhoes de unidades. Só para se ter uma idéia, desde 1993, quando o mercado totalizava 67.997 unidades, as vendas de motocicletas no país cresceram sete vezes.

Os modelos de 125 cilindradas, os chamados populares, sao responsáveis pela maior porcentagem das vendas. Do total de 382 mil unidades comercializadas neste ano, 64% foram de 125 cc, com 244 mil motos vendidas. De acordo com dados da Abraciclo, em termos de participaçao nas vendas, esse é praticamente o mesmo percentual obtido em 1992, quando das 53 mil motocicletas que foram vendidas, 34 mil eram de 125 cilindradas.

O fato é que com o assustador crescimento dos motoboys e mototáxis (em outros Estados) o nicho das populares nao pára de crescer. "Com a possibilidade de compra oferecida pelos consórcios, o mercado passou a conquistar os consumidores que recebem até 2,5 salários mínimos", explica Franklin de Mello Neto, gerente executivo da Abraciclo.

Conforme dados do Banco Central, que administra as empresas de consórcios de veículos, 63% das vendas referem-se à esse meio de locomoçao. Ainda para se ter uma idéia, a parcela mensal de uma moto nacional de 125 cc custa em média R$ 100 (para 50 meses).

Mas, embora a Abraciclo nao admita, é impossível negar que os motoboys nao sejam mesmo os responsáveis pelo elevado número de vendas e grande fluxo nas ruas das 125 cc. A bordo das compactas, eles estao por toda a parte, seja para entregar documentos, pizzas e, agora, como o melhor veículo para o transporte de órgaos para transplante. As motos 125 cc, devido ao preço, sao as preferidas pelo público que as utilizam como principal instrumento de trabalho ou de locomoçao.

Segundo a entidade dos fabricantes de motocicletas, porém, além dos motoboys, os novos condutores (aqueles que compram uma moto pela primeira vez) também sao os responsáveis pela grande demanda dos modelos de baixa cilindrada. "Hoje, 92% das motos vendidas referem-se aos modelos abaixo de 200 cc. A nossa expectativa, entretanto, é que nos próximos cinco anos, o percentual caia para 80%", diz Mello Neto. "Isso deve acontecer porque os novos condutores, que nao utilizam a motocicleta profissionalmente, tendem a optar por um modelo de média cilindrada em pouco tempo."

De acordo com Ernane Pastore, presidente da Associaçao dos Mensageiros, Motocicletas, Mototáxis e Afins do estado de Sao Paulo, atualmente existem cerca de 80 mil motoboys na cidade de Sao Paulo, 160 mil na grande Sao Paulo e 200 mil em todo o Estado. "A categoria teve esse crescimento assustador devido à taxa de desemprego, aos baixos salários e à facilidade de compra da motocicleta", conta. A Abraciclo, contudo, contesta esses números. Segundo a entidade, os motoboys nao passam de 50 mil na capital.

Modelos - Campea absoluta das vendas do segmento, a CG 125, em sua 5ª geraçao, teve de ser melhorada devido à chegada de concorrentes mais incrementadas. Agora, após 23 anos, a líder recebeu partida elétrica e freio dianteiro a disco e está disponível em duas versoes: a KS (Kick Starter) e ES (Electric Starter). A Honda oferece ainda a XLR 125, agora reestilizada.

A Yamaha desenvolveu no Japao a YBR, um modelo de quatro tempos e partida elétrica que está caindo no gosto popular e que, segundo especialistas, chegou com força e qualidade para desbancar, aos poucos, a rival Titan. O problema maior para a concorrência da Yamaha, entretanto, estaria no rompimento de um suposto acordo com a Honda, segundo o qual "uma fabricaria motores 2 tempos, enquanto a outra, 4 tempos", afirma Pastore.

Insatisfeita com o domínio de mais de 90% da concorrente, a Yamaha quer recuperar o mercado com a YBR. E parece que pode dar certo. O proprietário da concessionária Motolab, de Sao Bernardo, Elias Pisani Sá, conta que, alguns anos atrás, 12 mil unidades da popular RD eram vendidas por ano no país, enquanto que, em pouco mais de 70 dias, mais de 13 mil motocicletas YBR já foram comercializadas. "A nossa perspectiva é que esse número aumente consideravelmente, já que a aceitaçao do novo produto superou as nossas expectativas iniciais", afirma Sá. n




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