Com justificativa de corte de despesas, o prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), formalizou ontem a primeira etapa de alterações no secretariado, com a exoneração de Cícero Martinha (PDT) da Pasta de Trabalho, publicada nos Atos Oficiais. Em cerimônia de transmissão de cargo na sexta-feira, feita no nono andar do Paço, o petista entregou a nova atribuição de chefiar a secretaria deixada pelo pedetista, conforme antecipado pelo Diário, ao ex-chefe do Executivo e titular de Direitos Humanos, João Avamileno (PT), que agora vai acumular interinamente os dois setores. Isso porque a junção das áreas vai ocorrer somente em 2016, quando o governo fará, ao todo, três fusões numa reforma administrativa.

Grana afirmou que as outras medidas na mudança estrutural do primeiro escalão serão tomadas até o fim deste ano, mediante análise de evolução da receita, que “tem apresentado queda significativa” nos três anos de mandato. “Estamos concentrados neste momento onde a gente pode conseguir de maneira mais efetiva elevar a arrecadação, com Recref (Programa de Recuperação de Créditos Fiscais) e venda de terrenos públicos (ociosos), e diminuir os gastos (da máquina)”, disse o prefeito, ao acrescentar que “ainda há tempo para a decisão” de mais modificações de inclusão no Orçamento, já enviado à Câmara, com aditivos no texto. No total, são 19 Pastas.

Ao mencionar que a troca se dá “em comum acordo” entre as partes, o prefeito alegou que Martinha reassume importante papel de dirigente à frente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá neste cenário de crise econômica no País, além de vislumbrar candidatura por vaga no Legislativo no ano que vem. “Martinha é grande liderança política da cidade. Apoiá-lo a vereador seria honra. Estamos todos num mesmo projeto. A minha relação com ele e Avamileno é oriunda desde o início da década de 1990 no movimento sindical. Por isso, consideramos de bom grado que o ex-prefeito aceitasse este novo desafio.”

Martinha descartou surpresa com a definição. Segundo o pedetista, já havia pedido internamente para se afastar da secretaria diante de sua intenção de participar ativamente das ações do comando do sindicato, no qual estava licenciado desde que assumiu o posto de titular do Trabalho no começo de 2014. “Falei em sair para novos desafios políticos, ficando de certa forma mais solto para fazer política, no PDT e trabalhar a campanha e poder atuar no sindicato. Houve entendimento. Antes, tinha de priorizar a Prefeitura. Continuo com o compromisso pela reeleição do Grana, além de eleger três vereadores (em 2012, a sigla garantiu dois assentos)”, sustentou, cogitando se inserir na briga por cadeira na Câmara por “solicitação da estadual”.

Com a exoneração, a filha de Martinha, Tatiana Firmino da Silva (PDT), assume posto de assistente especial de gabinete, com vencimentos de R$ 5.644, na Pasta do Trabalho. Ela fazia parte do governo em 2013, antes da entrada do pai, com cargo na Cultura.

Avamileno argumentou que aceitou a missão por conta da “necessidade atual” no município – a gestão estima poupar R$ 150 milhões no ano com a minirreforma, e que não vai “reinventar a roda”. “Vou dividir as tarefas, e com isso darei continuidade ao trabalho desenvolvido. Veremos a partir de agora o que é possível.”