A rebelião durou 75 horas e foi a mais longa da história do Rio. O secretário de Administração Penitenciária do Estado, Astério Pereira dos Santos, explicou depois do fim do motim que "não estava preocupado com o tempo, mas com o resultado final". Ele afirmou que "o clima era bom" dentro do presídio, mas disse que ainda havia risco — um agente penitenciário tinha explosivos amarrados em seu pescoço.

Pelo acordo firmado entre os negociadores e os presos, os reféns foram libertados em troca da garantia de integridade física dos detentos — eles temiam ser alvo de agressões em represália à morte do agente penitenciário Luís Cláudio Lima Bonfim.

Tumulto - Pela manhã, um protesto de familiares de reféns e dos detentos resultou num tumulto em frente ao presídio, que acabou com a prisão de algumas pessoas. Eles reclamavam do corte do fornecimento de água e energia elétrica — ação tomada ainda na terça, para desgastar os amotinados.

Algumas pessoas, que se identificaram como parentes de reféns, foram agredidas por policiais do Bope. O cinegrafista da TV Record Carlos Eduardo Belardo, que registrava o tumulto, também foi agredido e teve a câmara danificada.

Início - A rebelião começou quando quatro detentos que seriam levados para prestar depoimento conseguiram tomar as armas dos agentes do Serviço de Operações Especiais, por volta das 11h de terça-feira. Um tiroteio teve início em seguida e Luís Cláudio foi baleado. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital Rocha Faria, em Campo Grande.

Outro agente, Ronaldo Barbosa de Souza, foi baleado de raspão nas costas. O carcereiro Pedro Wallace da Silva sofreu ferimento na mão esquerda, causado por um estilete improvisado feito pelos presos. Ambos passam bem. O presídio Doutor Serrano Neves (Bangu III) tem capacidade para 896 presos e abriga 781.