Economia Titulo Desvendando a economia
Desindustrialização e a esperada retomada
Sebastián Alejandro Barrueco
professor da Metodista
17/10/2015 | 07:24
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O conceito clássico de desindustrialização é a “diminuição permanente da contribuição da indústria no emprego total de uma economia”. Mais recentemente, também se associa a este conceito uma situação na qual tanto os empregos industriais como o valor agregado da indústria diminuem como proporção do emprego total e do PIB (Produto Interno Bruto), respectivamente. Podemos acrescentar que a desindustrialização causa situação negativa sobre o crescimento econômico de longo prazo, pois reduz a geração de retornos crescentes, diminui o ritmo de progresso técnico e aumenta a restrição externa ao crescimento. Entretanto, alguns economistas (dissidentes) discordam em relação a essas últimas causas negativas e acreditam que a indústria é o determinante do crescimento de longo prazo das economias capitalistas. Eles entendem que os efeitos de encadeamentos da cadeia produtiva são mais intensos no setor industrial do que em outros setores da economia; a produtividade na indústria está relacionada de forma crescente com a produção industrial; as mudanças tecnológicas ocorrem principalmente na indústria.

Em relação às causas da desindustrialização na economia brasileira recente, segundo o economista Wilson Cano, existiriam cinco motivos fundamentais: 1 – política cambial prevalecente, instaurada a partir do Plano Real; 2 – abertura desregrada pela qual o Brasil passou e passa desde 1989, ainda no governo Sarney; 3 – taxa de juros elevada do País faz com que o empresário capitalista – tanto na visão de Marx quanto na de Keynes – compare-a com a taxa de lucro, com a expectativa de acumular capital; 4 – investimento direto estrangeiro; 5 – a quinta razão que deixa os economistas ainda mais preocupados é a que de 2007 para cá a economia mundial desacelerou.

Acreditamos que uma reversão da desindustrialização deveria ser a implementação de uma “política industrial” que levasse em conta os seguintes aspectos, incrementados com medidas de desenvolvimento industrial: incentivos fiscais; investimentos em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento); créditos subsidiados; intervenção direta do Estado no processo produtivo; parcerias público-privadas; criação de ZPEs (zonas francas e de processamento para exportação), entre outros, segundo Nota Técnica Política Industrial no Brasil do Dieese.

A mesma nota salienta que o governo implementou política industrial formulada em novembro de 2003 e anunciada em março de 2004, que consistiu em conjunto de providências consideradas, em sentido amplo e no aspecto técnico, diretrizes de uma política industrial. Essas diretrizes deveriam ser políticas de Estado, cuja característica básica seria diminuir as restrições externas do País e, no médio e longo prazos, equacionar o desenvolvimento de atividades-chave, de modo a gerar capacitações que permitam ao Brasil aumentar sua competitividade no cenário internacional, conforme a Casa Civil da Presidência da República. Ainda esperamos que se materialize esta proposta formulada e anunciada há mais de dez anos.
 




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