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Programa da gestão Haddad contra minicracolândias emperra nos bairros
11/10/2015 | 09:46
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A promessa da gestão Fernando Haddad (PT) de combater o consumo de drogas em minicracolândias espalhadas por bairros da capital ainda permanece no papel. A medida anunciada em janeiro é uma expansão do programa De Braços Abertos, já implementado na cracolândia da Luz, no centro, que oferece moradia, tratamento e emprego aos pacientes.

O atraso de cinco meses nas ações é justificado por dificuldades na licitação dos trailers que prestarão atendimento multidisciplinar, segundo a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. Procurada pelo Estado, agora a pasta informa que o serviço vai começar nesta semana. Seis regiões, porém, continuam sem atendimento - Lapa, Vila Mariana, Santo Amaro, M'Boi Mirim, Santana e Cidade Tiradentes.

Na Subprefeitura da Lapa, zona oeste, o atendimento será no Portão 9 da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), na Vila Leopoldina. A região, com prédios de classe média alta, convive com a formação de fluxos diários - a aglomeração de usuários de crack para uso da droga - em diversas ruas há, pelo menos, cinco anos.

"Não tem remédio para isso. Tem hora que tem 20 pessoas e, às vezes, tem 200. Só quem ajuda é a comunidade, mas eles vendem tudo que ganham", diz o marceneiro Ednaldo Cort Moreno, de 59 anos. Morador da região há 45 anos, ele afirma que não são realizadas ações de assistência social na área. "Quem vem aqui são os pastores das igrejas. Mas não tem jeito, eles sempre voltam para a droga."

Na última sexta-feira, em meio a barracos improvisados na Rua Professor Ariovaldo Silva, o Estado flagrou pequenos grupos de viciados que acendiam as pedras em seus cachimbos durante o dia e fumavam crack no local.

Morador de rua, França Carvalho, de 38 anos, preferiu não dizer há tempo quanto está entre aqueles que perambulam no entorno da Ceagesp, mas confirmou a falta de ações assistenciais. "Só quem ajuda é o pessoal da saúde. Eles trazem remédio."

O compromisso de Haddad se arrasta desde agosto do ano passado, quando foi feito o anúncio de que o serviço descentralizado seria realizado. Na época, um mapeamento das regiões mais problemáticas foi feito. A partir do levantamento, ficou decidido que a ação começaria nesses seis pontos da cidade.

Em julho deste ano, um convênio foi assinado com três entidades: Instituto Social Santa Lúcia, Instituto Fomentando Redes e Empreendedorismo Social e Centro de Recreação e Desenvolvimento da Criança Especial. O investimento é de R$ 2.724.582,08 - o governo federal já fez o repasse.

Diante do atraso, o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que a expansão das ações para usuários de crack é importante para toda a cidade. "Não podemos imaginar que um programa como esse (De Braços Abertos) vai dar conta de toda a população. A gente tem a nossa grande cracolândia, mas temos focos importantes em outros locais que foram detectados há vários anos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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