Um dos diferenciais do Súcia (que, por sinal, grafa seu nome sem acento no encarte do CD) é o número de vocalistas: sao quatro, que atendem pelos pseudônimos de Raskas, K-Daver, Traga-Mouros e Muhanna. A seçao musical é composta por Bugode no baixo, Lincoln na guitarra, D.Jota nas picapes (ele é de Sao Bernardo) e N.B. na percussao. Há também um baterista convidado, J.R., o roadie Drôpe e o apoio Ma-K-Bro - os três últimos sao considerados membros da família Súcia.

O grupo se formou em 1995, com músicos oriundos de formaçoes de rap e som pesado. Um exemplo da raiz forte que justifica o "core" do auto-rótulo da Súcia é o andreense Wagner Izidoro dos Santos, 20 anos, o baixista Bugode. Ele conta que chegou a tocar em bandas thrash, com influências de Sepultura e Slayer, e numa banda de covers do Iron Maiden, até chegar no Súcia.

Mas o fato é que, em Chegou a hora, nao há porrada hardcore. As faixas têm uma pulsaçao mais funk, com guitarras impressionistas em vez de distorcidas. Quem se aproximar do disco esperando algo na linha do Pavilhao 9 poderá se decepcionar.

"Quando a gente fala em rapcore todo mundo pensa mesmo no Pavilhao", diz Bugode. "Mas a gente nao teve como gravar mais músicas no CD, e as mais pesadas ficaram de fora". Bugode afirma que cada um dos integrantes da Súcia tem seu rol de influências (ele cita duas: Wu-Tang Clan e Cypress Hill).

O público-alvo central da banda sao os skatistas. A idéia, agora, é fazer shows e tentar um contrato com uma gravadora - duas propostas já estao sendo estudadas pela Súcia, mas nenhuma delas de majors ou mesmo de empresas médias.

Uma chance de conferir a banda ao vivo virá em agosto, quando a Súcia voltará ao palco do Hangar, casa alternativa de Sao Paulo. A julgar pelo disco, vale a pena.