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Bahia: viagem aos primórdios da nossa existência

Litoral Norte da Bahia tem belíssimas praias e parte importante da história do País, como um castelo medieval

Evaldo Novelini
17/09/2015 | 07:00
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A beleza do litoral baiano é decantada em prosa e verso desde sempre. Pero Vaz de Caminha, na carta em que participou ao rei de Portugal o descobrimento do Brasil, em 1500, classificou-a como “muito formosa”. E embora o escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral se referisse ao Sul baiano, o Norte do Estado nada fica a dever nesse quesito.

Boa parte do encanto deve-se às limpíssimas águas verde-esmeralda do Atlântico que banham as praias repletas de coqueirais. Barra do Jacuípe, Itacimirim e Sauípe apresentam cenários deslumbrantes. A mais charmosa, porém, é a do Forte, no município de Mata de São João (60 quilômetros de Salvador pela Rodovia BA-099), onde o lazer se une ao conhecimento.

Os atrativos começam logo na chegada. Os turistas são recepcionados por vilarejo, cujos moradores e comerciantes esbanjam simpatia. Reserve tempo para passar horas visitando lojas de roupas e bugigangas que se espalham pelas ruas arborizadas do local.

Parada obrigatória é a loja da Cultuarte (Alameda da Felicidade, número 9), onde se encontra artesanato produzido por cerca de 50 famílias de artistas locais. Há roupas, utensílios domésticos e esculturas, tudo feito de material reciclável. Os preços vão de R$ 3 a R$ 4.500. Peça pelas bonecas negras malucas, bolsas, colchas e almofadas feitas com retalhos por Josélia Souza. São lindas.

As paredes azuis e brancas da capela de São Francisco de Assis, construção rústica feita por pescadores há mais de um século, informam que o melhor do passeio está começando. Da praça da vila da Praia do Forte, a vista é deslumbrante. Pode-se gastar horas na contemplação do mar calmo coalhado de barquinhos de pesca.

A grande pérola da Praia do Forte, aliás, são a areia branca e as águas cristalinas que convidam para o banho. A temperatura do mar é agradável durante o ano todo. Não tenha receio de explorar o litoral. Vale a pena. Há piscinas naturais formadas por recifes onde é possível observar cardumes de peixes coloridos.

Bem próximo à praça se encontram as instalações do Projeto Tamar (Avenida Farol Garcia D’Ávila, R$ 20), iniciativa que salvou da extinção as cinco espécies de tartarugas marinhas que procriam na costa brasileira. Em passeio que dura cerca de uma hora é possível conhecer todo o ciclo de vida dos quelônios, assim como observar tubarões – um deles com filhotinhos! – mantidos em grandes aquários. (Leia mais ao lado)

CASTELO
A Praia do Forte deve seu nome a uma das mais incríveis construções da costa brasileira, o Castelo Garcia D’Ávila. Erguido a partir de 1551 na parte mais alta do município de Mata de São João, o forte servia para alertar representantes do poder colonial sobre eventual aproximação de navios inimigos, especialmente de franceses e holandeses.

O turista pode visitar as ruínas do que foi o primeiro edifício medieval das Américas, hoje tombado pelo patrimônio histórico brasileiro, e parte do Parque Histórico e Cultural da Fundação Garcia D’Ávila (Alameda do Farol, R$ 10).

Historicamente, consta que o forte foi construído pelo português Garcia de Sousa d’Ávila (1528-1609), filho de Tomé de Sousa (1503-1579), primeiro governador-geral do Brasil. A edificação era sede do que foi o maior latifúndio do mundo, com 800 mil quilômetros quadrados.

Museu conta a história do complexo, cujas formas originais são reproduzidas em maquete disponível no local. Totalmente restaurada, a capela de Nossa Senhora da Conceição é marco da arquitetura colonial. Estrutura de ferro permite que o visitante suba até o segundo pavimento das ruínas do castelo e possa ter a mesma vista que os vigilantes de antanho. Por sobre o topo da verdíssima vegetação nativa, de uma das janelas, a vista das águas do Atlântico resulta em cenário paradisíaco. Prepare a máquina fotográfica.

Respeito! Você é hóspede na casa das tartarugas marinhas
Cabeçuda, Verde, de Pente, de Couro e Oliva. O turista que visitar a Bahia deve guardar bem esses nomes. Eles identificam as cinco espécies de tartarugas marinhas que utilizam a alva areia do litoral brasileiro para deixarem seus ovos, passo essencial do ciclo reprodutivo. É importante saber que elas são as anfitriãs. Convém, portanto, respeitá-las.

O período de desova das tartarugas vai de setembro a março. As fêmeas procuram a areia da praia por causa do calor. Fazem covas com cerca de 50 centímetros de profundidade e depositam de 60 a 120 ovos, que eclodem entre 45 e 60 dias. Ao nascerem, os filhotes utilizam a luz da lua refletida no mar para se dirigirem às águas do Atlântico e, assim, fugirem dos predadores.

Luzes artificiais do continente podem interferir na orientação das tartaruguinhas e fazê-las caminhar para o lado contrário do mar, tornando-as assim vítimas de predadores. Lei obriga hotéis da faixa litorânea a manterem iluminação fraca.

O repórter viajou a convite da Vila Galé Hotéis.




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