Economia Titulo Na ponta do lápis
Inflação até agosto é maior desde 2003

Variação mensal é a menor em 5 anos, mas no acumulado atinge quase o dobro de 2014

Marina Teodoro
Especial para o Diário
11/09/2015 | 07:20
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Ari Paleta/DGABC


O indicador que mensura a inflação oficial do País, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), registrou alta de 7,06% no acumulado do ano até agosto. Este foi o mais alto patamar registrado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), considerando a soma dos primeiros oito meses, desde 2003, quando o aumento foi de 7,22%.

Para se ter uma ideia, considerando o período de janeiro a agosto de 2014, o IPCA registrou crescimento de 4,02%. Ou seja, inflação deste ano atingiu quase o dobro desse montante.

Embora essa seja uma marca expressiva, no mês passado o brasileiro pôde sentir pequeno alívio no bolso, já que a variação alcançou 0,22% – 0,40 ponto percentual abaixo do registrado em julho, quando acelerou 0,62%, e 0,03 ponto percentual menor do 0,25% registrado em agosto do ano passado. Esse índice é o mais baixo para o mês desde 2010.

Um dos fatores que desaceleraram a inflação em agosto foi o preço das passagens aéreas, que caiu em média 24,90%. A queda da demanda foi o principal motivo para essa baixa, conforme explica o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero. “Em vista do cenário econômico que nos encontramos, é natural que as pessoas estejam voando menos, já que essa prática é associada ao lazer, e esse é um dos primeiros gastos que são cortados em momentos de recessão.” Além disso, a alta do dólar, que encerrou o dia ontem cotado a R$ 3,86, tem postergado os planos de muita gente de viajar ao Exterior. Essa redução puxou a retração de 0,27% do grupo transportes, redução mais expressiva do IPCA no mês.

Outro setor que colaborou para diminuir a variação mensal foi o de alimentação, com retração de 0,01%. “O clima influencia bastante. Com um inverno menos rigoroso, e a crise financeira mundial, que diminui o consumo, a tendência é que os preços caiam”, afirma o professor de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Volney Gouveia.

Essa queda vai ao encontro da situação vista no Grande ABC. Levantamento da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) mostra que, em agosto, os preços dos hortifrúti diminuíram 24,73%.

No grupo de habitação, apesar da alta de 0,29%, a energia elétrica colaborou para equilibrar a taxa, com recuo de 0,42%, o que não ocorria desde março do ano passado. O item refletiu a redução no PIS/Cofins na maioria das regiões, o que não inclui São Paulo. “No primeiro semestre, a conta de luz chegou a subir mais de 50% a nível nacional. A tendência é que diminua daqui para frente, principalmente com a diminuição da bandeira vermelha, que será aplicada em setembro”, analisa Gouveia. Neste ano, na região a conta de luz já subiu 75%, segundo a AES Eletropaulo.

O botijão de gás, que deverá subir cerca de 22% nos próximos dias, ficou 0,44% mais barato no mês passado. O baixo custo se deveu à queda do consumo, conforme Gouveia.

PROJEÇÃO - Para os próximos meses, a expectativa é a de que as variações não sejam tão expressivas quanto foram no primeiro semestre. “Os preços foram represados durante os últimos anos. Por descuido do governo, em 2015 os aumentos tiveram que ser repassados de uma só vez”, afirma Balistiero.

De acordo com Gouveia, os ajustes mais profundos já foram feitos. “O que pode interferir em mais altas agora é a cotação do dólar, que não tem previsão para queda.”

Dados do Boletim Focus, do Banco Central, mostram que o mercado estima que o IPCA encerre 2015 com alta de 9,29%.
 




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