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Economia pode se recuperar apenas em 2018, avalia presidente da Mercedes

Se a situação não melhorar até o ano que vem, haverá a necessidade de novo ajuste

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
10/09/2015 | 07:23
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André Henriques/DGABC


O presidente da Mercedes-Benz no Brasil, Philipp Schiemer, afirmou que, se o País perder o título de investment grade (avaliação dada por agências internacionais a países ou empresas, e que significa que se trata de investimento seguro e com baixo risco de calote), será um desastre para a economia nacional e para o mercado automotivo, que só deve se recuperar em 2018. Neste ano, a previsão do setor é de queda de 20,6% em relação aos números de vendas de 2014 e, em veículos pesados (caminhões e ônibus), retração estimada é de 40%. Ontem, a agência Standard & Poor’s rebaixou a nota de bom pagador do Brasil, mas Fitch e Moody’s ainda mantêm o selo de bom pagador.

O executivo afirma que, se houver o rebaixamento da nota do Brasil, e o País perdurar em crise nos próximos três anos, nesse prazo pode ser preciso repensar os instrumentos adotados pela empresa para manter o quadro de funcionários. Há poucos dias, a companhia fechou acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, aprovado pelos funcionários, para a adoção de um PPE (Programa de Proteção ao Emprego) – destinado a preservar, pelo menos, 1.500 postos de trabalho que seriam cortados na fábrica de São Bernardo.

Por esse programa, a companhia fará a redução de 20% na jornada de trabalho e 20% nos salários – com metade da diminuição, ou seja, 10% do rendimento, bancado com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). O problema é que a empresa vai usar o instrumento por nove meses, e os 10 mil empregados dessa unidade fabril terão estabilidade por esse período e depois por mais três meses, até agosto de 2016. E, se a situação econômica não melhorar depois disso, haverá a necessidade de novo ajuste.

Para Schiemer, seria importante que o governo criasse uma “agenda positiva”, ou seja, um plano de longo prazo que incluísse a redução de despesas, para o equilíbrio das contas públicas, para restaurar a credibilidade do governo. “Ou o Brasil consegue um consenso macro para aprovar reformas, ou perde o investment grade, e aí o dólar vai dar mais um salto, a inflação vai subir, e isso vai afastar os investidores estrangeiros”, disse. “Temos de exigir que o governo gaste melhor. O dinheiro (público) é muito mal gasto”, acrescentou o executivo, que vem discutindo esse tema na Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

O executivo destacou ainda que a companhia segue acreditando no País e que mantém os planos de investir cerca de R$ 500 milhões na fábrica de São Bernardo até 2018 para a modernização do parque fabril e a reorganização de sua estrutura de produção.

PPE - Em relação à redução da jornada com o PPE, Schiemer disse que na área administrativa haverá rodízio de folgas, para a empresa seguir operando normalmente, enquanto na linha da produção a fábrica deve parar ou um dia por semana ou uma semana por mês.  




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