Política Titulo Caos
Não há solução para
a dívida de Mauá

A 8 meses do início da campanha eleitoral, pré-candidatos
ao Paço devem apresentar ideias que tirem cidade do buraco

Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
01/11/2011 | 07:55
Compartilhar notícia


A dívida de Mauá não tem solução. A constatação é feita após levantamento com quatro pré-candidatos a comandar o Executivo a partir de 2013. A oito meses do início da campanha eleitoral, a deputada estadual Vanessa Damo (PMDB), os vereadores Atila Jacomussi (PPS) e Irmão Ozelito (PTB), e Francisco Carneiro, o Chiquinho do Zaíra (PTdoB), não ostentam propostas consolidadas para tirar a cidade do buraco.

O débito do governo municipal foi detalhado pelo Diário domingo. A reportagem mostrou que a dívida de Mauá cresce R$ 200 milhões por ano, valor pelo menos quatro vezes maior que o Orçamento vigente em Rio Grande da Serra (R$ 44 milhões) e superior ao de Ribeirão Pires (R$ 177 milhões). Em dezembro, o deficit atingirá R$ 1,4 bilhão, mais que o dobro do Orçamento municipal previsto para 2012, de R$ 686,4 milhões.

O rombo torna praticamente obrigatória a inclusão de ações que amortizem o saldo negativo nos planos de governos dos que almejam comandar a Prefeitura. Isso porque, com a dívida, a cidade não consegue a liberação de financiamentos, o que prejudica os investimentos. Como está, obras só sairão do papel com aporte dos governos federal e estadual.

O discurso quase que uníssono dos pré-candidatos é encabeçado pelo verbo renegociar, que tem sido conjugado pelo prefeito, Oswaldo Dias (PT). Todos afirmam que, se eleitos, abrirão tratativas com os credores, o principal deles o Tesouro Nacional, que ainda espera receber R$ 660 milhões referentes à canalização dos córregos Corumbé e Bocaina, e do Rio Tamanduateí - o financiamento foi contratado em 1991. Outros débitos salgados são com precatórios (R$ 230 milhões) e com o INSS e o Pasep (R$ 200 milhões).

"Vou acampar em Brasília para renegociar. O vice-presidente da República (Michel Temer, PMDB) é do meu partido e dá abertura para dialogar", projeta Vanessa Damo, ao desferir críticas a Oswaldo. Questionado pelo Diário se enxerga luz no fim do túnel para tirar Mauá do buraco, o petista respondeu: "Nem o túnel."

"Dizer que não vê nem o túnel é inaceitável para alguém que teve 11 anos para pagar as dívidas e não o fez. O Oswaldo tem de tirar a bunda da cadeira e resolver isso", cobra a deputada.

Chiquinho do Zaíra, que perdeu a eleição de 2008 para Oswaldo, afirma que o prefeito não pode reclamar do caos financeiro. "O cara quando sai candidato tem de ter consciência de que a dívida está lá." O ex-prefeiturável conclui dizendo que o débito não assusta sua pré-candidatura ao Executivo, a quarta consecutiva. "Tem de entrar lá e resolver."

Ozelito indica que uma forma de "estancar o problema" seria o aumento da arrecadação de impostos. Mesmo sem explicar como atingiria o feito, mostra otimismo no abatimento da dívida. "Só não tem jeito para a morte." O petebista finaliza com desafio a Oswaldo. "Se a situação é tão grave, por que não abre mão da reeleição?"

 

Atila propõe arriscado corte de IPTU 

O vereador Atila Jacomussi foi o único do quarteto de pré-candidatos ao Paço a externar ao menos um esboço do que pretende, se eleito, implantar na Prefeitura de Mauá para amortizar a dívida astronômica do município. A ideia, no entanto, pode se tornar em tiro a sair pela culatra.

A proposta consiste em reduzir os percentuais cobrados de IPTU para arrecadar mais. O popular-socialista se baseia no alto número de contribuintes inadimplentes, que, na teoria, passariam a cumprir com suas obrigações tributárias em dia caso o valor do imposto fosse menor - a dívida ativa de Mauá está em R$ 815 milhões.

"O Oswaldo Dias recadastrou as construções, jogando para cima o valor venal dos imóveis. Nisso, o IPTU subiu, em média, 38% (em 2001). Pelo valor abusivo, aumentou a inadimplência", recorda Atila. "Eu farei o contrário: vou diminuir o IPTU para aumentar a arrecadação", promete.

O projeto, porém, não seria suficiente par livrar Mauá da dívida de R$ 1,4 bilhão. Isso porque o recorde de arrecadação de IPTU da cidade é de R$ 48,7 milhões, captados em 2005.

ATAQUES
Atila e Vanessa Damo foram os que mais criticaram o prefeito. "Na campanha (em 2008) ele falou que iria colocar Mauá nos trilhos. Depois que assumiu, o trem foi para o abismo", compara o vereador.

A deputada estadual, por sua vez, chama o governo do PT de "preguiçoso". "Vive se lamentando, colocando a culpa (pelas dívidas) em gestões anteriores. Faz política de retrovisor, mostrando incompetência", critica a peemedebista, ao concluir que para renegociar o débito é preciso "disposição para acordar cedo, dormir tarde, e trabalhar aos fins de semana e feriados."

Vanessa aproveitou, inclusive, para resgatar declaração de Oswaldo publicada pelo Diário no dia 16. Em reportagem sobre fraudes na dívida ativa, o prefeito considerou ser "da natureza do ser humano querer levar vantagem aqui ou ali". "Isso é na cabeça dele. Comigo não há complacência."




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;