Economia Titulo Em 2015
Gastos com beleza devem crescer 9,05% no Grande ABC

Apesar da crise, consumo de serviços e
produtos deve movimentar R$ 1,87 bilhão

Marina Teodoro
Especial para o Diário
06/09/2015 | 07:22
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André Henriques/DGABC


Corte de cabelo, manicure, depilação, cremes, xampus e outros cosméticos: pode-se dizer que esses e outros itens de beleza fazem parte, cada vez mais, dos hábitos dos consumidores do Grande ABC. Isso porque, de acordo com projeção feita pela consultoria IPC Marketing, a pedido do Diário, neste ano esses tipos de gastos devem crescer 9,05% em relação a 2014.

A pesquisa, composta por consumo de serviços em salões de cabeleireiro e de produtos de higiene e cuidados pessoais, prevê gasto total na região de R$ 1,87 bilhão neste ano. Em 2014, foi desembolsado R$ 1,58 bilhão. O aumento estimado de 9,05% já tem descontada a inflação oficial prevista para 2015 pelo mercado, conforme o Boletim Focus, do Banco Central. A projeção é que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) encerre o ano em 9,28%.

Apesar do cenário econômico conturbado, com índices de desemprego cada vez mais altos – que superam até os da crise anterior, que teve seu ápice em 2009 –, o setor estético parece não se abalar tanto como outros mercados, tais como o imobiliário, comercial e automotivo.

O diretor da IPC Marketing, Marcos Pazzini, vê na mudança do comportamento do brasileiro a explicação para o crescente faturamento no ramo da beleza. “Somos um povo vaidoso. Sempre cuidando do corpo e da aparência. Algumas pessoas podem até deixar de consumir certo produto, ou diminuir a frequência de idas ao salão, mas não abrem mão desses cuidados.”

Desde 2010, quando o governo começou a estimular o consumo, abaixar os juros e facilitar o acesso ao crédito, como saída para superar a crise, o consumidor passou a ter acesso a coisas que antes desconhecia, ou que pouco fazia, se tornou mais exigente e começou a gastar mais com itens que não os de primeira necessidade. “Neste momento, o brasileiro passou a consumir muito mais com beleza e lazer. Os hábitos mudaram e, mesmo diante do momento atual, fica difícil voltar aos velhos comportamentos”, analisa Pazzini.

É o caso da gerente de vendas Vitória Nobrega, 29 anos, de São Caetano, que não fica uma semana sem passar no salão. “Sempre gostei de me cuidar. E agora que eu posso, não abro mão. Acho que já faz parte do meu orçamento, junto com os gastos com comida”, brinca. Vitória gasta em média R$ 300 ao mês, entre os serviços com cabelo, depilação, manicure e podologia. “Como trabalho em uma joalheria, tenho que manter as unhas feitas. É o meu cartão de visitas.”

VAIDADE - Se considerarmos apenas os produtos de higiene e cuidados pessoais, como xampus, cremes, hidratantes, maquiagem, o crescimento deverá atingir 12,48%, com estimativa de R$ 1,3 bilhão gasto. Porém, é importante ressaltar que, dentro dessa pesquisa, também estão incluídos itens de primeira necessidade, como sabonete, papel higiênico e creme dental, por isso o aumento é tão expressivo.

Já em relação aos serviços prestados, como depilação, corte de cabelo e manicure, a projeção é mais tímida: 2% de alta, o que deve movimentar R$ 576 milhões nas sete cidades. “Tendo em vista que o consumidor está em um momento de incerteza e medo, um acréscimo de 2% no total gasto em salões de beleza pode significar muito, já que se trata de um serviço estético”, justifica Pazzini.


Estabelecimentos sentem impacto, mas continuam com movimento

Nem todas as cidades da região, no entanto, apresentam consumo positivo em 2015. Analisadas separadamente, Santo André e São Bernardo, as duas que mais gastam, apresentam pé no freio dos desembolsos com beleza.

Foi o que percebeu uma das proprietárias do salão de beleza Meninas Cabelo e Estética, de Santo André. Luzia Aparecida Novo, 60, que possui há 25 anos o espaço, afirma nunca ter visto crise como esta. “Já passamos por muitas dificuldades financeiras no setor, mas este ano foi o que mais nos afetou. Entre junho e julho, percebemos queda de 20% no lucro.” Luzia ressalta que os efeitos da crise só chegaram agora porque, até maio, os agendamentos de noivas, realizados em 2014, estavam mantendo a receita do salão.

Para atrair o público, ela e as outras três sócias investiram em marketing nas redes sociais e descontos para clientes que utilizam vários serviços, além de parcerias com lojas, que expõem seus produtos no salão. “Em média, nossas clientes gastam cerca de R$ 250 a R$ 300 por mês aqui”, afirma.

Os serviços oferecidos pelo Meninas variam, e vão desde o corte (R$ 99), manicure e pedicure (R$ 65), design de sobrancelha (R$ 38), maquiagem (R$ 120) e dia da noiva (R$ 1.620).

A proprietária da perfumaria Lu Cosméticos, de São Bernardo, Luciene Campello Barros, 45, também percebeu a crise, principalmente devido à alta do dólar, que atinge diretamente o preço dos produtos vendidos. “Não teve jeito, tive que repassar para o cliente. Ainda não percebi lucro neste ano, acho que estamos em estabilidade, o que, na atual situação, chega a ser uma notícia boa”, diz Luciene. Uma consumidora fiel gasta em torno de R$ 300 a R$ 350, de acordo com a dona.

Para a educadora Lilian Damasceno Marques, 25, de Santo André, os custos com o cabelo, apesar de pesarem no bolso, são essenciais. “As vezes deixo de comer fora, ou comprar algo para mim, como roupas ou calçados. Mas acho que vale a pena. Meu cabelo é prioridade.”

Além de reconhecer a dificuldade, ela coloca os cuidados com a beleza como algo necessário. “Geralmente gasto R$ 200 por mês com produtos, como cremes e xampus. Acho que mereço e, além disso, vejo o fato de me sentir cuidada mais relacionado à minha saúde do que com a estética.”
 




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