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Funai apura morte de crianças indígenas
Do Diário do Grande ABC
20/07/1999 | 15:24
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Técnicos da Funai de Chapecó (SC) viajam nesta quarta-feira para a Regiao de Erechim (RS). Eles vao apurar a morte de quatro crianças da tribo kainkangues e a internaçao de outras duas em estado grave, nos últimos dias, no hospital comunitário de Nonoai, na Regiao Norte do estado. Eles vao verificar a situaçao das aldeias, já que, além do número reduzido de cestas de comidas que os indígenas recebem mensalmente, há problemas de saneamento básico e os próprios índios demoram a procurar socorro médico.

As vítimas fatais tinham entre três meses e dois anos de vida. Ao todo, existem 1.500 crianças de até sete anos de idade entre os 3.500 kainkangues da reserva de Nonoai. As mortes ocorreram nas aldeias de Nonoai e de Bananeiras, na mesma área. Dezenas de crianças indígenas sofrem especialmente de doenças respiratórias, diarréias e gripes, além de desnutriçao. Estas doenças se agravam no inverno e pela chuva que cai torrencialmente nos últimos dias no estado.

A coordenadora adjunta da 19ª Delegacia da Saúde do estado, Clarita de Souza, coordenou uma investigaçao epidemiológica nos últimos dias nas aldeias. O levantamento comprovou problemas de falta de alimentaçao e de saúde entre as crianças kainkangues. Nessa mesma época no ano passado ocorreu a morte de várias crianças indígenas nos municípios de Redentora, Miraguaí e Tenente Portela, na mesma Regiao Norte do estado, também devido a problemas de desnutriçao.

Parte dos kainkangues se tornou meio nômade, como os guaranis, vivendo quase como mendigos nas cidades. É o que acontece há dois meses em Caxias do Sul (RS). Alí, mais de 50 deles se instalaram em precárias barracas de lona preta nas calçadas, castigadas pelas fortes chuvas dos últimos dias.

O cacique Ornélio Ribeiro confirmou que os índios dormem no piso de concreto das calçadas, protegidos apenas por jornais e pedaços de papelao. As crianças andam sem sapatos pelas ruas, ajudando os pais a venderem artesanato, forma de sobrevivência dos kainkangues. Eles recusaram a proteçao de um albergue, oferecido pela prefeitura local, dizendo que precisam ficar perto da rodoviária para continuar viagem e a venda de artesanato.




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