Economia Titulo Benefício
Segurado do INSS fica sem atendimento pelo 55º dia corrido

Agendamentos no Grande ABC estão sendo cancelados e paralisação dos servidores ainda não tem previsão de término

Marina Teodoro
Especial para o Diário
01/09/2015 | 07:10
Compartilhar notícia
Claudinei Plaza/DGABC


Cinquenta dias depois do parto, a autônoma Sandra Oliveira França, 30 anos, de São Bernardo, está afastada do trabalho, sem receber nada. Devido à greve do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que já dura 55 dias corridos, ela não conseguiu dar entrada no auxílio-maternidade. “Já é a segunda vez que venho, e até agora nada. Chega a ser desesperador.”

Quem também está em situação semelhante é a manicure Sandra Tenório Valadão, 39, de Santo André, que também teve bebê, há pouco mais de um mês e, até agora, não recebeu uma resposta positiva da Previdência Social. “Estou criando minha filha sozinha, e dependo desse dinheiro. Não sei mais o que fazer”, desabafa. Para auxiliar a funcionária, o salão de beleza em que ela trabalha arrecadou, com os demais empregados, uma ajuda financeira, enquanto não há alteração na greve. A segurada, que já foi diversas vezes nas agências, descreve a sensação de ficar sem o amparo. “A gente chega aqui e fica sem informação. Ninguém te atende direito, e pedem para a gente voltar no dia seguinte. Eu tenho um bebê recém-nascido em casa, não posso vir para cá todo dia.” Sua xará não teve a mesma sorte, de receber ajuda de seus colegas de trabalho, por ser autônoma, e conta apenas com o salário do marido.

A equipe do Diário percorreu, ontem, agências do INSS na região e percebeu que a situação em geral é precária. Foi verificado que cada unidade tem uma particularidade em relação aos atendimentos. Questionado sobre o funcionamento durante a greve, o órgão informou: “Não há como apontarmos quais serviços estão sendo atendidos, pois varia de agência para agência.”

Em São Bernardo, por exemplo, há uma quantidade considerável de atendimentos de segurados pela manhã, mas isso não é mantido à tarde. Já o tipo de atendimento não pôde ser informado por nenhuma agência visitada. Entretanto, não há a garantia de que o segurado será recebido, mesmo se tiver agendamento marcado, já que muitos não estão sendo feitos, como é o caso da auxiliar de limpeza Maria Rita de Jesus, 42, que mora em Santo André, e quer voltar ao trabalho, mas depende da perícia, que estava agendada para ontem, mas foi cancelada. A segurada está recebendo auxílio-doença, devido a uma complicação no braço, mas quer retomar sua atividade, e dependia desse atendimento para que recebesse alta. “Preciso voltar a trabalhar mas, sem a autorização do INSS, minha patroa não vai me aceitar”, lamenta.

Já o marido da autônoma Maria Júlia de Lima, 20, de São Bernardo, que recebia auxílio-doença havia quatro anos, teve o benefício suspenso, e precisaria marcar nova consulta para reavaliar suas condições. “Já viemos aqui várias vezes e nunca conseguimos. Eles pedem para vir pela manhã, mas quem garante que vão me atender? Dependemos desse dinheiro para sobreviver, que foi cortado do nada.”

ORIENTAÇÃO - De acordo com a vice-presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário), Adriane Bramante, a orientação para quem está na mesma situação do marido de Maria Júlia é ingressar na Justiça com um mandado de segurança, já que o segurado não pode ser prejudicado em razão da greve. “Se a pessoa já tem o benefício, e não conseguiu atendimento, o auxílio deve ser mantido até a normalização da situação. Caso contrário, é indicado entrar com medida judicial.”

Segundo o INSS, as pessoas que já têm solicitação de benefício agendada pelo telefone 135 ou pelo site www.previdencia.gov.br, mas não conseguirem ser atendidas, estão com seus direitos assegurados e receberão os valores retroativos à data do primeiro agendamento – desde que tenham direito ao benefício.

A orientação do IBDP é que o segurado deve ir até a agência no dia e horário marcados, mesmo com a greve. Já quem precisa de atendimento para outros serviços deve insistir e ir em horários diferentes ou tentar em outras agências pela região, avalia Adriane.


Grevistas seguem de braços cruzados e não recebem salário

Os funcionários do INSS que aderiram a greve já estão há 55 dias sem trabalhar, e, muitos, ficarão sem receber também, conforme a diretora do Sinsprev (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência no Estado de São Paulo), Rita de Cássia Pinto. “O ponto eletrônico de todos os servidores que estão em greve foi cortado, e eles estão sem salário.”

Rita informa que haverá assembleia hoje, em São Paulo, para falar sobre reunião com o Ministério do Planejamento. “Mas, pelo visto, a previsão é de que a greve continue.”

Os profissionais do INSS pedem 27,3% de reposição salarial referente aos últimos quatro anos, além de melhores condições de trabalho, maior abertura de vagas para concurso do instituto e incorporação de gratificações no salário. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;