O traficante Paulo Sérgio Savino Magno, conhecido como ‘Pequeno’, foi preso na noite de segunda-feira por policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes em um shopping center da Barra da Tijuca (Rio de Janeiro), quando ia assistir à pré-estréia do filme Cidade de Deus. Pequeno, gerente do tráfico na favela Cidade Alta (Cordovil, zona Norte), teria ido ao lançamento a convite da cineasta Katia Lund, co-diretora do filme. Ela nega.

Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, o filme foi rodado no morro porque Pequeno autorizou, atendendo a um pedido de seu chefe, o traficante Gilberto Martins (‘Mineiro’). Entrevistado pelo site Parabólica em 6 de agosto, o diretor Fernando Meirelles disse que só conseguiu rodar o filme na Cidade Alta graças à permissão de Mineiro.

A polícia do Rio quer saber se os cineastas realmente se envolveram com os traficantes. Segundo o chefe de Polícia Civil do RJ, Zaqueu Teixeira, os cineastas responderão pelo crime de favorecimento pessoal se ficar comprovado que eles deram o convite para a pré-estréia ao traficante, pois eles saberiam que os criminosos estariam na cerimônia e não comunicaram a polícia.

Katia Lund negou que tenha convidado o traficante e disse que jamais a equipe de filmagens fez contatos com traficantes para poder filmar na Cidade Alta. Segundo ela, os contatos eram feitos com a associação de moradores, que se comunicava com os traficantes para aceitar a permissão.

A co-diretora de Cidade de Deus já se envolveu em problema semelhante em 2000, durante as filmagens do documentário Notícias de uma Guerra Particular, do cineasta João Moreira Salles. Ela foi intimada a depor pela suspeita de envolvimento com o traficante Márcio Amaro de Oliveira, o Marcinho VP, então chefe do tráfico da favela Dona Marta, na zona Sul do Rio. Salles admitiu ter pago uma bolsa de R$ 1.200 a VP, durante seis meses, para que ele escrevesse um livro.