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Atracadouros da Ilhabela preocupam ambientalistas
Do Diário do Grande ABC
06/12/1999 | 16:25
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Os ambientalistas estao alarmados com o aumento de atracadouros ao longo da costa da Ilhabela. A degradaçao ambiental é crescente em toda regiao costeira. A ilha, quase em sua totalidade, é preservada como Parque Estadual e seu entorno está classificado como santuário ecológico, sendo um dos mais ricos da costa brasileira. O presidente da Organizaçao Nao Governamental (ONG) Biosfera Project e biólogo, Paulo José Sawaya de Lima, denuncia as péssimas condiçoes do meio-ambiente subaquático nas proximidades da ilha. " A situaçao é grave", comenta.

O secretário estadual do Meio Ambiente, Ricardo Trípoli, estará na ilha, na próxima quinta-feira, verificando as denúncias. Ele receberá um vasto material da entidade ambiental que apresenta provas concretas dos estragos provocados pelos atracadouros. Além de relatórios com pareceres técnicos, também será entregue uma fita de vídeo com filmagem submarinas mostrando a degradaçao no ambiente marítimo.

A Biosfera Project é especializada no litoral norte paulista, destacando-se nas atividades em ilhas. O biólogo Paulo Lima adverte sobre a poluiçao gerada pelo alto uso de embarcaçoes motorizadas em diversos pontos da costa da ilha e dos prejuízos ambientais que isto vem causando. O fluxo de barcos tem causado impacto sobre a cadeia alimentar, provocado a extinçao e evasao de diversas espécies marinhas até entao comuns no ecossistema da regiao. "Tenho visto muito residual turístico no fundo do mar", afirma.

Com a criaçao de novos píeres, a tendência é espalhar e adensar ainda mais o número de embarcaçoes ao longo da costa de ilha. A proximidade entre eles é outro grande problema, pois em alguns casos as construçoes estao separadas por distância menores que 500 metros. O esgoto dos barcos, a queima e vazamento de combustível e a vibraçao dos motores tem afetado drasticamente a fauna existente nos entornos da Ilhabela. " Há impacto físico, químico e biológico na ilha", observa o ambientalista.

Embaixo de cada píer ocorre uma acentuada descaracterizaçao do meio ambiente, com a reduçao da biodiversidade e alteraçoes na fauna e flora. Essas construçoes que se estendem como braços sobre o mar interferem nas microcorrentes, elevam a temperatura da água e quando se encontram em baías criam depósitos sedimentários em seus contornos, deixando as águas mais rasas. Pelos cálculos do biólogo, cada píer afeta e modifica o ambiente marinho num raio de 300 metros.

Outra questao grave é a formaçao de lodo tóxico, produzido pelo óleo combustível que libera metais pesados como o chumbo, mercúrio e enxofre. Parte deste material químico acaba sendo levado pela maré e se agrega as pedras, impermeabilizando-as. Isto dá início a um processo de desertificaçao na faixa costeira. O restante é ingerido pelos peixes, matando-os ou contaminando sua carne. "Esse processo tende a criar a desertificaçao marinha", denuncia Paulo Lima.




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