Medrado será ouvido pela juíza Olga Regina, da Vara Criminal de Juazeiro, que está impedida de dar declaraçoes à imprensa por causa de dois processos contra ela, movidos pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJB) exatamente por ter falado a jornais sobre assuntos judiciais. Seus assessores confirmaram, contudo, que ela vai pedir escolta especial da Polícia Federal para fazer a segurança de Medrado durante o depoimento no fórum.
O comerciante é apontado como o homem que intermediou a "distribuiçao" de R$ 115 mil e um veículo Vectra entre autoridades baianas para a libertaçao, por meio de habeas-corpus de Dornelles, preso no final de 98, por roubo de carga no município de Feira de Santana, a 108 quilômetros de Salvador.
As denúncias do pagamento de propina foram feitas por carta à CPI do Narcotráfico pelo ex-policial rodoviário Luiz Antonio Ferraz, que passou um tempo detido no Presídio de Feira de Santana, na mesma cela de Dornelles. O assaltante nao tinha qualquer constrangimento em conversar sobre o suposto suborno com os companheiros de cela. Dornelles foi libertado no final de 98, graças a um habeas-corpus deferido pelo desembargador Walter Brandao.
Dois meses depois, em fevereiro do ano passado, seria preso novamente por roubo de cargas.
Logo depois, os advogados do assaltantes começaram a agir tentando obter outro habeas-corpus no TJB. A açao acabou originando a denúncia do desembargador Lourival Ferreira, em novembro. No despacho, publicado no Diário Oficial da Justiça, em que negava o habeas-corpus, Ferreira se dizia surpreso com os "padrinhos fortes" de Dornelles: dois desembargadores e um deputado estadual o teriam procurado pedindo que libertasse o assaltante. O caso estourou como uma bomba na Bahia. Membros da CPI do Narcotráfico passaram a investigar as vinculaçoes do crime organizado com autoridades do Estado. Três membros da Comissao tomaram o depoimento de Ferreira, em dezembro, que confirmou os nomes dos desembargadores Walter Brandao, Mário Albiani e do líder do governo na Assembléia Legislativa, deputado estadual Pedro Alcântara (PFL) como as pessoas que o pressionaram para libertar o assaltante. Os acusados negaram.
No reinicio dos trabalhos legislativos este ano, a CPI deve ouvir Brandao, Albiani, Alcântara e o assaltante Dornelles. O depoimento do comerciante Medrado, que é da mesma cidade do deputado Pedro Alcântara, Juazeiro, pode ajudar na investigaçao.
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