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Comerciante pode esclarecer suborno a autoridades
Do Diário do Grande ABC
05/01/2000 | 15:15
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O caso do desembargador Lourival Ferreira que teria sido pressionado por autoridades baianas para libertar o assaltante Wander Dornelles, pode ser esclarecido esta quinta-feira, com o depoimento à Justiça do comerciante Eidmar Medrado, preso na cidade Juazeiro, a 500 quilômetros da capital baiana. Ele é acusado de ser membro da quadrilha de Dornelles, atuando na receptaçao de cargas.

Medrado será ouvido pela juíza Olga Regina, da Vara Criminal de Juazeiro, que está impedida de dar declaraçoes à imprensa por causa de dois processos contra ela, movidos pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJB) exatamente por ter falado a jornais sobre assuntos judiciais. Seus assessores confirmaram, contudo, que ela vai pedir escolta especial da Polícia Federal para fazer a segurança de Medrado durante o depoimento no fórum.

O comerciante é apontado como o homem que intermediou a "distribuiçao" de R$ 115 mil e um veículo Vectra entre autoridades baianas para a libertaçao, por meio de habeas-corpus de Dornelles, preso no final de 98, por roubo de carga no município de Feira de Santana, a 108 quilômetros de Salvador.

As denúncias do pagamento de propina foram feitas por carta à CPI do Narcotráfico pelo ex-policial rodoviário Luiz Antonio Ferraz, que passou um tempo detido no Presídio de Feira de Santana, na mesma cela de Dornelles. O assaltante nao tinha qualquer constrangimento em conversar sobre o suposto suborno com os companheiros de cela. Dornelles foi libertado no final de 98, graças a um habeas-corpus deferido pelo desembargador Walter Brandao.

Dois meses depois, em fevereiro do ano passado, seria preso novamente por roubo de cargas.

Logo depois, os advogados do assaltantes começaram a agir tentando obter outro habeas-corpus no TJB. A açao acabou originando a denúncia do desembargador Lourival Ferreira, em novembro. No despacho, publicado no Diário Oficial da Justiça, em que negava o habeas-corpus, Ferreira se dizia surpreso com os "padrinhos fortes" de Dornelles: dois desembargadores e um deputado estadual o teriam procurado pedindo que libertasse o assaltante. O caso estourou como uma bomba na Bahia. Membros da CPI do Narcotráfico passaram a investigar as vinculaçoes do crime organizado com autoridades do Estado. Três membros da Comissao tomaram o depoimento de Ferreira, em dezembro, que confirmou os nomes dos desembargadores Walter Brandao, Mário Albiani e do líder do governo na Assembléia Legislativa, deputado estadual Pedro Alcântara (PFL) como as pessoas que o pressionaram para libertar o assaltante. Os acusados negaram.

No reinicio dos trabalhos legislativos este ano, a CPI deve ouvir Brandao, Albiani, Alcântara e o assaltante Dornelles. O depoimento do comerciante Medrado, que é da mesma cidade do deputado Pedro Alcântara, Juazeiro, pode ajudar na investigaçao.




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