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Lula quer dar fim às críticas do vice
03/06/2003 | 23:39
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva procura nesta quarta-feira o vice-presidente José Alencar (PL-MG) para tentar pôr um ponto final na crise que veio à tona com a enxurrada de críticas públicas dele à política econômica do governo. Em breve, quem fará o mesmo será o ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho. Mesmo entendendo que Alencar é porta-voz do setor empresarial, a conclusão do Palácio do Planalto é de que a situação chegou ao limite. “O presidente terá de sentar-se com ele e conversar tudo isso, pão, pão, queijo, queijo”, antecipa um líder da base aliada.

O falatório do vice-presidente foi um dos assuntos da reunião da coordenação política do governo terça-feira, no Planalto. “Fica o governo de vilão na questão de juros e ele de mocinho”, queixou-se o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. “Assim, não dá. Realmente, está muito difícil tocar o governo desse jeito.”

Retaliações – Não será fácil acalmar Alencar e fazê-lo calar. Com o apoio do presidente nacional do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), e de liberais de vários Estados, o vice-presidente comunicou ao ministro dos Transportes, Anderson Adauto, que dará seguimento à campanha contra os juros altos, e avisou-o: “Espero que você não tenha apego ao cargo.” Segundo um importante interlocutor presidencial, Dirceu tem a dimensão exata da crise política que Alencar criou e admite até retaliações do governo sobre Adauto.

Tanto que Lula não chamará o vice e Palocci para uma conversa única. Nesse caso, pareceria que estaria os enquadrando. Segundo o colaborador do presidente, Lula foi aconselhado a conversar sozinho com Alencar e a usar todo o charme e tato. Tudo para que o encontro não pareça um puxão de orelhas e produza efeito contrário, ampliando ainda mais a crise.

O problema aumentou quando o vice visitou Palocci, há cerca de duas semanas, para falar de juros, com o balanço da empresa de Alencar, a Coteminas, debaixo do braço. Alencar não se conforma com o fato de a conversa ter vazado para a imprensa, justamente com o destaque para o fato de o vice ter levado o balanço da empresa. “O vice disse que o governo agiu de forma desleal, ficou magoado e não aceita isto”, conta um amigo de Alencar.

“Se tem mágoa e há ferida, o governo e o presidente têm de tratar isso com muito carinho, porque o José Alencar é nosso companheiro”, defende o deputado Paulo Rocha (PT-PA). “O problema é que, toda vez que ele leva a público sua luta contra os juros altos, só favorece a especulação”, argumenta o vice-líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (PT-SP).

Mas Dirceu e o presidente também estão magoados com o vice. “O Zé Alencar descumpriu o acordo de não falar sobre política econômica enquanto Lula estivesse fora do país”, conta o interlocutor presidencial. Não que o presidente tenha se esquecido de que Alencar foi o responsável por quebrar as resistências do setor empresarial em relação à candidatura. Lula é grato a isso, mas acha que o vice não precisaria mais falar tanto nem fazer críticas.




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