A antecipação do 13º salário em instituições financeiras é uma opção viável para quem está endividado, mas não é uma medida aconselhável para quem está com as contas em dia. O coordenador do curso de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Francisco Rozsa Funcia, aconselha que os consumidores sem dívidas fiquem longe deste tipo de crédito. "É importante estudar caso a caso e comparar as taxas de juros antes de solicitar a antecipação", sugere.

Nesta semana, o BB (Banco do Brasil) anunciou a volta do produto de crédito de antecipação do 13º salário. Os clientes de outros bancos, como Itaú-Unibanco, Caixa Econômica Federal, Santander e Real, também já podem solicitar o crédito, que pode chegar a 100% do 13º salário.

No BB, por exemplo, a antecipação em janeiro de até 40% do benefício, com taxa de juros de 2,59% ao mês, resulta em 35,9% de juros no ano. Apenas correntistas que recebam seus salários pelo banco, com crédito pré-aprovado, e funcionários de empresas conveniadas com o programa de antecipação do BB têm direito ao empréstimo.

Funcia explica que a antecipação deve ser uma saída apenas em situações excepcionais. "Só deve usar essa modalidade quem está com dívida muito elevada, cujo o encargo da mesma seja superior à taxa cobrada pelo crédito do banco", diz. É o caso, por exemplo, de dívidas com o cheque especial.

Uma pessoa que possui dívida de R$ 2.000 no cheque especial, cujo juro mensal é de 7,8% ao mês, e liquida o débito em parcelas mensais até dezembro, pagará R$ 4.570 no fim do período. Se a mesma pessoa contratar a antecipação do 13º e conseguir R$ 2.000 (40% do benefício), ela teria de pagar R$ 2.640. Ou seja, economia de R$ 1.930.

Funcia explica que os juros cobrados pelos bancos têm embutidas taxas de risco, tributos, custo administrativo e o lucro. "Por isso que ficam bem elevados", acrescenta o professor ao comparar com a inflação de 2009 , que ficou em 4,3%.

O diretor do Procon de São Caetano, Alexandro Rudolfo de Souza Guirão, orienta que o consumidor pesquise se o banco cobra taxas com a realidade do mercado. No site de serviços ao cidadão do BC (www.bcb.gov.br/pre/portalcidadao) é possível comparar os juros dos bancos. "É importante avaliar se o próprio banco não oferece outros produtos mais vantajosos."