Diversas montadoras com fábricas no Grande ABC aproveitam que amanhã será feriado para fazer reduções na produção, com o objetivo de adequar seus estoques às vendas mais fracas de veículos.

É o caso da Scania, que não teve atividade ontem e só volta a produzir na quinta-feira. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, 80% dos 3.500 trabalhadores da empresa estão emendando o 7 de setembro. A entidade informou ainda que, na unidade Anchieta da Volkswagen, todos os dez mil trabalhadores fazem a ponte do feriado a partir da quarta-feira.

Por sua vez, na Ford Taboão, em São Bernardo, 1.400 dos 2.000 trabalhadores da linha de produção de automóveis vão folgar durante toda esta semana. A partir do dia 8, outros 900 profissionais da linha de produção de caminhões também folgarão uma semana. E do dia 12 até 7 de outubro, 180 funcionários da estamparia ficarão em casa. A montadora informou que interrompe a produção de suas unidades no País a fim de se ajustar à demanda do mercado.

A Volks vai na mesma linha com outras palavras, ao emitir comunicado em que diz que está utilizando "ferramentas de flexibilização" para diminuir seus estoques.

Os metalúrgicos da Fiat de Betim (MG) também já estão de folga desde ontem e voltam a o trabalho só na quinta-feira. A montadora nega que a paralisação temporária seja reflexo da desaceleração nas vendas, mas admite que a emenda do feriado ajuda a promover ajuste no volume de carros parados nos pátios, que hoje chega à casa de 22 mil veículos.

OUTROS LOCAIS - Além de parar no Grande ABC, a produção da fábrica da VW em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, também foi suspensa nesta semana e deve ser retomada na segunda-feira, dia 12, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba.

A entidade sindical paranaense informa ainda que no pátio da fábrica há cerca de dez mil carros, o dobro do normal. O secretário-geral do sindicato, Jamil D'Ávila, disse que os quatro dias não trabalhados nesta semana (quarta-feira é feriado nacional) serão compensados futuramente. "Os trabalhadores haviam solicitado à empresa para emendar a quinta e a sexta-feira. A Volkswagen resolveu aceitar o pedido e suspender a produção a semana toda", afirmou.

Na Ford de Taubaté serão 23 dias de férias coletivas a 1.600 trabalhadores, escalonadas em três período, até 14 de outubro, segundo o sindicato dos metalúrgicos local.

SÁBADOS - No mês passado, as empresas já anunciavam cancelamento de trabalho aos sábados. A Volks sespendeu, na unidade Anchieta, em São Bernardo, a fabricação que estava programada para três sábados, dois em julho e um agosto, com os quais a empresa produziria 3.000 carros.

E a General Motors suspendeu em Gravataí (RS) a produção prevista para dois sábados, no mês passado. Com isso, deixou de fabricar cerca de 1.500 veículos dos modelos Celta e Prisma. A montadora já havia parado parte da produção em São José dos Campos, no interior de São Paulo, do dia 22 de agosto até dia 4 deste mês, o que significou 1.500 carros a menos. (com AE)

Excesso de autos nos pátios e nas lojas eleva custos

Entidades do setor automotivo têm divulgado que os estoques das indústrias e das concessionárias estão atingindo patamares elevados, que começam a pesar nos custos financeiros das empresas.

O presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, Sérgio Reze, afirmou, há poucos dias, que os estoques de veículos nas revendas autorizadas, que em agosto representavam 40 dias (tempo necessário para a desova), já começam a preocupar. Em julho, segundo ele, os estoques na rede eram de 35 dias. Reze disse que é considerado normal para as concessionárias um estoque de 21 a 22 dias.

Por sua vez, pelas contas da Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores, a indústria automobilística contabilizava, em julho, 367 mil carros estocados nos pátios das montadoras e concessionárias, o correspondente a 36 dias. Os sinais do segmento são que esse número vai subir no balanço de agosto, que será divulgado pela entidade na quinta-feira.