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El Teniente: a maior mina de cobre do mundo
Peter Paulo Goldschmidt
Do Diário do Grande ABC
20/08/2009 | 07:00
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Uma visita a Sewell, no Chile, não é completa sem a mina que a originou, pois ambas têm uma ligação simbiótica profunda. El Teniente é considerada a maior mina de extração de cobre em profundidade do mundo. Possui mais de 2.400 quilômetros de túneis que avançam para o interior da cordilheira em uma altitude que varia de 2.000 a 2.500 metros.

Ativa há mais de 100 anos, emprega hoje cerca de 10 mil funcionários que trabalham nela 24 horas por dia, sete dias por semana. Todo dia são extraídas 110 mil toneladas de rocha bruta, das quais se produzem 1.100 toneladas de cobre puro.

Como produto secundário, são extraídas 5.000 toneladas anuais de Molibdênio, um mineral de alto valor de mercado usado na fabricação do aço.

O cobre é chamado de Pão do Chile, pois é o principal produto de exportação do país, responsável pela entrada de centenas de milhões de dólares. Em todo o Chile, existem dezenas de minas, alguns delas particulares e outras comandadas pelo governo. Somente as minas de cobre da Codelco são responsáveis por 40% do PIB (Produto Interno Bruto) chileno.

Visitar a mina El Teniente é algo impressionante, tanto pelo ineditismo do passeio como pelas proporções de tudo dentro da mina. As instalações são gigantescas, com enormes túneis, grandes máquinas moedoras, esteiras de transporte quilométricas e um elevador subterrâneo com capacidade para 400 pessoas.

Durante a visita turística é possível conhecer um pouco da história desse lugar, bem como parte do processo de extração do cobre. A visita começa com a colocação de um equipamento de segurança, imprescindível para se entrar nas instalações. Esse equipamento consiste em óculos de proteção, capacete, botas, jaqueta laranja com refletores, um purificador de ar e um respirador de emergência preso à cintura. Vestido assim, o visitante está protegido para enfrentar qualquer emergência e sente-se como um verdadeiro mineiro.

O próximo passo é subir em um micro-ônibus e entrar por um túnel de acesso que penetra quatro quilômetros montanha adentro. Quando desembarcamos, já estamos a mais de 1.000 metros abaixo da superfície.

A mina é um formigueiro, onde circulam diariamente milhares de pessoas. Como os túneis são estreitos, suficientes para a passagem de apenas um veículo por vez, foram estabelecidos turnos, com horários bem rígidos, para entrar ou sair da mina. Por segurança, tudo é controlado nos mínimos detalhes e gigantescas portas se abrem e se fecham isolando os setores inteiros da mina.

Depois de caminhar por algumas centenas de metros dentro dos túneis, chegamos à Caverna dos Cristais. Trata-se de uma caverna natural forrada de cristais de quartzo, gesso e pirita, uma pedra dourada chamada também de Ouro dos Tolos. A quantidade de minerais é imensa. A caverna é entrecortada por enormes cristais translúcidos de gesso, alguns deles com mais de oito metros de comprimento. São pedras muito raras, somente encontradas em grandes profundidades. Quando iluminada, a caverna se torna o cenário perfeito da história de Julio Verne, Viagem ao Centro da Terra.

Depois de conhecer os cristais, o passeio atravessa mais túneis em direção à uma das máquinas moedoras de pedra. É uma estrutura enorme na forma de um grande funil. Neste gigantesco liquidificador são atiradas as pedras trazidas, por gravidade, da parte superior da mina, mais de 200 metros acima.

No meio do funil, uma bola de aço e titânio de 36 toneladas é a responsável por transformar rochas do tamanho de uma geladeira em pedras com apenas 20 centímetros de diâmetro. Nesse lugar, pode-se ver em detalhes como funciona todo o processo de extração e observar a máquina em funcionamento. Impressionante!

Caminhar pelas escadarias de Sewell e conhecer o interior da mina El Teniente são experiências fascinantes, que nos permitem voltar ao passado e compreender melhor o espírito empreendedor do ser humano, capaz de vencer desafios e grandes barreiras em busca de um ideal.

Saiba Mais

O tour a Sewell e a mina El Teniente pode ser feito a partir de Santiago e Rancágua aos sábados, domingos e feriados. Não são permitidos carros particulares em Sewell e parte da estrada do Cobre tem o trânsito restrito e controlado pela mineradora Codelco. Para saber mais sobre este tour, visite o site www.goldtrip.com.br.

O site oficial da Família Goldschmidt (www.familiagold.com.br) traz informações sobre esta e outras viagens na América do Sul.

Causos

A cidade de Sewell chamava-se originalmente El Molino. Com a morte de um dos sócios da Braden Copper Company, o americano Barton Sewell, a mina foi rebatizada com seu nome. O curioso é que Sewell nunca visitou a cidade, a mina e nem mesmo conheceu o Chile.

A vida em Sewell era regida pelo departamento de Bem Estar Social. Eles controlavam tanto a vida pública como a privada. As bebidas alcoólicas eram proibidas no dia a dia, sendo permitidas somente durante as duas festas anuais promovidas pela companhia.

Os solteiros não poderiam namorar na rua. Se um casal fosse encontrado namorando em público tinha duas opções: casar-se no dia seguinte ou ir embora da vila com toda a sua família, perdendo assim os benefícios de trabalhar na companhia.

Para driblar a Lei Seca, surgiu a figura do guachuchero, o contrabandista de bebidas. Eles traziam garrafas de vinhos e aguardente escondidas em um colete sob a roupa. Para escapar da fiscalização, às vezes caminhavam dias a pé através das montanhas. Outra maneira de obter álcool era comprar vários vidros de perfume e deixar dentro deles pedaços de cobre. Este processo retirava parte do aroma. O álcool restante era misturado a frutas para melhorar o paladar e bebido em segredo.

Conta-se que o processo de seleção de empregados no início da mina era bem simples. O candidato a mineiro tinha de ter baixa estatura e mãos calejadas. A altura permitia que andassem pelos túneis com mais facilidade e as mãos calejadas provavam que era de fato trabalhador esforçado.




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