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Holanda: em entrevista, príncipe Bernhard confessa ter duas filhas bastardas
Da AFP
14/12/2004 | 18:25
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Em entrevista publicada nesta terça-feira pelo jornal De Volkskrant, o príncipe Bernhard da Holanda, morto no dia 1º de dezembro, reconheceu que teve duas filhas ilegítimas.

"Tenho seis filhas", declarou. Oficialmente, o príncipe Bernhard só teve quatro filhas com a rainha Juliana: a atual soberana, Beatrix, e as princesas Irene, Margriet e Christina. Sobre as outras, ele afirma que "uma se chama Alexia, a outra Alicia".

O nascimento da primeira, uma francesa de 37 anos, era um segredo guardado a sete chaves na Holanda. Em compensação, a existência de Alicia, de cerca de 50 anos, que vive nos Estados Unidos, era completamente ignorada. "Deixem-na em paz", pediu o príncipe.

Nestas entrevistas, realizadas sem o conhecimento do serviço de informação do reino (RVD), da rainha Beatrix e do primeiro-ministro Jan Peter Balkenende, o príncipe Bernhard fala abertamente sobre suas relações extraconjugais.

O príncipe, de origem alemã, garante que nunca foi membro do partido nazista. "Posso jurar com a mão sobre a Bíblia, eu nunca fui nazista", insistiu.

Também desmentiu energicamente as informações sobre a magnitude da fortuna da família Orange e lamentou que vários governos não tivessem lutado com mais afinco contra informações que classificou como falsas a seu respeito.

Um dia depois de sua morte, foi publicada outra entrevista na qual o príncipe Bernhard confirmava as suspeitas de que ele teria recebido subornos do fabricante americano de aviões Lockheed em 1976.

Esta confissão não afetou o carinho dos holandeses por este príncipe que liderou a resistência ao nazismo. Mais de 40 mil pessoas fizeram fila pacientemente, apesar do frio, para lhe prestar homenagem na semana passada. No sábado, a multidão acompanhou seu cortejo fúnebre por um longo percurso, até o enterro em Delft (centro-oeste).

No jornal Volkskrant, o príncipe afirma que pediu um milhão de euros para aplicar no Fundo Mundial de Proteção da Natureza (WWF), fundado e presidido por ele durante muito tempo. Ele garantiu que não ficou com nenhuma parte deste dinheiro.

As confidências do príncipe provocaram fortes reações na Holanda, onde as declarações dos membros da família real costumam ser controladas pelo RVD.

As entrevistas foram realizadas entre 2001 e 2003, e foram publicadas em um suplemento especial de 24 páginas com fotos. Um livro que reúne estas conversas também está a venda.




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