A ex-primeira-ministra do Paquistão Benazir Bhutto apresentou neste domingo sua candidatura em uma circunscrição de Karachi (sul) para as eleições legislativas previstas para o dia 8 de janeiro, informou uma fonte oficial, embora ainda não tenha decidido se seu partido boicotará ou não o processo eleitoral.

Bhutto apresentou oficialmente sua candidatura, na véspera da data limite, informou uma autoridade local da Comissão Eleitoral, órgão encarregado dos registros dos candidatos.

A ex-premiê tenta unir a oposição ao presidente Pervez Musharraf exigindo a retirada, antes das eleições, do estado de exceção estabelecido no dia 3 de novembro. No entanto, enquanto vários outros partidos da oposição pediram o boicote ao processo eleitoral, ela ainda não se decidiu.

Na quinta-feira, Bhutto autorizou os membros de seu partido, o PPP (Partido do Povo Paquistanês), a apresentar suas candidaturas para as eleições legislativas e provinciais, anunciadas para 8 de janeiro, mas disse que se reservaria o direito de retirá-las a qualquer momento.

O general Musharraf, por sua vez, anunciou que manterá o estado de exceção decretado no dia 3 de novembro para, segundo ele, manter a segurança da campanha e da votação no momento em que o país é assolado por uma onda de atentados e os combatentes ligados à Al Qaeda ganham terreno no noroeste.

A oposição e a comunidade internacional exigem a retirada desta lei de exceção antes da votação. Os oposicionistas acusam Musharraf de tê-la imposto para se manter a todo custo no poder.

Os partidos da oposição anunciaram em diversas ocasiões que se reuniriam para decidir juntos por um eventual boicote, mas este encontro ainda não foi realizado, com as formações duvidando da sinceridade umas das outras.

Bhutto, entretanto, deu a entender que não pretendia boicotar as eleições para não deixar o campo livre para o partido do general Musharraf, embora considere como certa uma fraude. "Não queremos deixar o caminho livre", repetiu neste domingo à imprensa.