Automóveis Titulo
Medo de dirigir se perde na prática
Lucas Tieppo
Especial para o Diário
25/03/2009 | 07:00
Compartilhar notícia


Dirigir tornou-se algo tão frequente na vida das pessoas que é difícil acreditar que o carro possa ser objeto de medo e insegurança no dia de alguém.

Mas Arlete Aparecida Rodrigues, 54 anos, vivia essa realidade até junho do ano passado. "Tirei a minha carteira de habilitação em 1983, dirigi por um tempo, mas tive um problema com o carro e desisti de guiar", conta. Ela iniciou um tratamento para superar sua dificuldade em junho do ano passado, quando já estava há 20 anos sem assumir o volante. "Eu tentei treinar com meu irmão e em autoescolas, mas sentia muita pressão e não conseguia voltar a dirigir", lembra-se.

Para Cecilia Bellina, psicóloga especializada em trânsito que trabalha com pessoas que têm medo de dirigir, a melhor maneira de perder qualquer tipo de medo é estando junto do objeto que provoca o receio. "O tratamento que eu realizo é através do enfrentamento do medo, uma exposição ao vivo, junto ao carro, que nesse caso é o objeto que causa o receio."

Segundo ela, fazer esse enfrentamento é um diferencial e a terapia é bastante sofrida, desconfortável. A duração do tratamento depende do grau do medo do paciente e do tempo que a aprendizagem vai levar. "Às vezes o medo impede até o paciente de aprender", afirma Cecilia.

A psicóloga explica que o processo é realizado em três etapas, que avançam de acordo com a evolução do paciente. A primeira delas é uma entrevista psicológica, que busca resgatar a experiência de vida da pessoa, a história do medo dela com relação ao carro e possíveis acidentes. É um bate-papo que busca o motivo do medo. A segunda fase é uma avaliação no carro para medir o nível de aprendizagem do paciente. Na terceira etapa o tratamento tem início em duas frentes. "A terapia de enfrentamento é como na autoescola, porém com mais cuidado, mais focado, uma fase em que o paciente colhe as emoções. A outra frente é a terapia de grupo, onde o paciente gasta as emoções."

Após a realização das aulas práticas e dinâmicas de grupo, Arlete acredita que esteja perto de receber alta. "É uma outra vida. O carro tornou-se uma coisa útil, agora não vivo sem ele. Meu dia a dia mudou, não dependo de mais ninguém. Agora meu irmão está até com ciúmes, já que não preciso mais dele para me levar aos lugares", confessa.

Segundo Cecilia, 80% de seus pacientes são mulheres. "A mulher age mais por emoção. O homem desde criança tem mais proximidade com o carro, tem mais identificação. Para ele, dirigir é um prazer, já a mulher encara o carro como uma utilidade para o dia a dia. O homem normalmente tem mais habilidade, as emoções da mulher atrapalham na hora de dirigir", finaliza.

(Supervisão Sueli Osório)




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas

;