Economia Titulo Crise
Indústria da região fecha 81 vagas por dia

Só neste ano, fabricantes do Grande ABC já
eliminaram 17 mil empregos, aponta pesquisa

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
14/08/2015 | 07:15
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Divulgação


O nível de emprego na indústria piorou na região, com o fechamento de 5.000 postos de trabalho entre as fabricantes somente em julho, segundo dados de pesquisa do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). Isso significou queda de 2,41% em relação ao total de trabalhadores no setor produtivo em junho, a maior retração do ano. Ainda segundo o levantamento, neste ano, até agora, já são 17 mil empregos perdidos, praticamente 81 cortes por dia.

Os dados refletem o desempenho da atividade industrial, que registra forte baixa. Só a produção de caminhões no País, de janeiro a julho, é 45% menor que no mesmo período de 2014. Cerca de 55% da fabricação nacional desses veículos se concentra na região. Com as montadoras parando as fábricas, para se ajustar à fraca demanda, as pequenas empresas são obrigadas a demitir para não quebrar, segundo os representantes do setor. “A situação é crítica e, em muitos casos, é melhor mandar embora enquanto a empresa ainda tem dinheiro para pagar a rescisão”, afirma o primeiro vice-diretor da regional do Ciesp de São Caetano, William Pesinato.

Ele cita que o PPE (Programa de Proteção ao Emprego), que reduz até 30% de jornada e salários por, no máximo, 12 meses – com complemento de metade da renda do trabalhador com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) –, criado em julho pelo governo federal como alternativa às demissões, não serve para quem mais precisa, ou seja, as pequenas indústrias em dificuldade, muitas das quais não conseguem pagar tributos. Na semana passada, uma delas negociava com o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá para aderir ao programa, mas não pôde participar por causa de atraso no recolhimento da contribuição previdenciária.

Principal polo automotivo do País, São Bernardo registrou boa parte dos cortes da região. Foram 2.900 eliminações de vagas nas fabricantes no mês passado e 8.300 postos fechados de janeiro a julho. “O que me preocupa é que isso não vai parar, vem numa crescente”, diz o primeiro vice-diretor da regional do Ciesp de São Bernardo, Mauro Miaguti, que espera do governo sinalizações mais efetivas para a retomada da atividade produtiva.

Cobrar medidas nesse sentido foi um dos objetivos da ida de dirigentes sindicais ontem a Brasília, para participar de encontro de movimentos sociais com a presidente da República, Dilma Rousseff (PT). “Foi colocado a ela a importância da redução das taxas de juros”, afirma o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Adilson Torres dos Santos, o Sapão.

DEBATE - Após passeata realizada na quarta-feira em Santo André, em que empresários protestaram contra os efeitos da crise econômica, deverá haver reunião no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC na semana que vem para debater o assunto. “O objetivo, inicialmente, é ter um fórum de discussão, com toda a sociedade, trabalhadores, empresários e o poder público, para termos alguma ação regional”, diz o primeiro vice-diretor da regional do Ciesp de Santo André, Norberto Perrela.
 




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