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Fábrica da GM em S.Caetano faz 85 anos

Com queda de 40,6% nas vendas em julho,
empresa demitiu mais de 500 desde janeiro

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
12/08/2015 | 07:30
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Denis Maciel/DGABC


Em meio a uma das maiores crises da indústria automotiva no País, a fábrica da General Motors em São Caetano completa hoje 85 anos. A região tem papel importante no crescimento da marca Chevrolet no Brasil – controlada pela GM. A empresa iniciou suas atividades em 1925, no bairro Ipiranga, na Capital, mas transferiu sua sede para o Grande ABC cinco anos depois. A planta tem 290,5 mil metros quadrados e já produziu mais de 6 milhões de veículos.

Para os funcionários da montadora, entretanto, não há motivos para comemoração. Desde o início do ano, mais de 500 pessoas foram demitidas na unidade do Grande ABC, sendo 100 em maio e outros 419 em julho. Também em 2015, foram abertos dois PDVs (Programas de Demissão Voluntária), mas ambos somaram apenas 49 adesões.

Outras 1.000 pessoas, aproximadamente, estão em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho), sendo um grupo, de 400, desde novembro, enquanto o restante está afastado a partir de maio. O retorno de todos está previsto para outubro, mas ainda não há garantia de que esses funcionários irão, de fato, voltar à produção. Os 419 que foram demitidos em julho, por exemplo, estavam suspensos.

Os cortes na fábrica são motivados pela queda na demanda por veículos. Em julho, o número de automóveis leves da GM vendidos no Brasil foi 40,7% inferior ao registrado no mesmo período de 2014. Nos sete primeiros meses, a queda é de 29,6%.

Apesar do cenário negativo, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, afirma que a população da região tem que comemorar. “Temos que agradecer a GM por permanecer na nossa cidade gerando emprego e receita.” Entretanto, ele reconhece que o movimento sindical tem que “trabalhar para que ela tenha vida ainda mais longa”. “Sempre existiram rumores de uma possível saída da fábrica. Mas temos que ter habilidade e negociar para mantê-la aqui.”

O coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, salienta o papel da montadora no desenvolvimento do Grande ABC. “O caráter econômico e social da GM para São Caetano é importantíssimo, tanto do ponto de vista da geração de empregos quanto, principalmente, de pagamento de tributos.” Ele avalia que sem a empresa a cidade certamente não teria o mais alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil.

Balistiero destaca ainda o anúncio feito em julho pela companhia, de que investirá R$ 13 bilhões no Brasil até 2019. “Está indo na contramão da crise, acreditando no País e em São Caetano”.

O prefeito Paulo Pinheiro (PMDB) também enaltece a montadora. “A GM é uma companhia que queremos sempre ter em São Caetano. É uma empresa da cidade. A direção (da montadora) ainda não nos procurou (para falar a respeito de eventuais dificuldades financeiras ou sobre as demissões) mas, se o fizer, estaremos abertos a conversar sobre como podemos ajudá-la.” Junto com Transpetro e Via Varejo, a GM é uma das três maiores arrecadadoras do município.

Quanto aos demitidos, Pinheiro diz que os que residirem na cidade podem procurar a Prefeitura em busca de apoio por meio do Centro Municipal de Emprego e Qualificação.

(Colaborou Soraia Abreu Pedrozo) 




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